Dr. João Antonio Costa

Olá!

Bem vindo ao nosso blog. Aqui eu conto um pouco sobre minhas experiências dentro da Odontologia nos EUA e o Processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA e minha jornada dentro da Boston University Henry M. Goldman School of Dental Medicine.

Espero que você aprenda bastante!

Tudo o que precisamos é um pouco de paciência

Tudo o que precisamos é um pouco de paciência

            Paciência. Substantivo feminino. Virtude do ser humano baseada no autocontrole emocional sem perder a calma e a concentração. (www.significados.com.br/paciencia/)

            Enquanto crescendo em São José dos Campos e assíduo aluno da Escola Bíblica Dominical (EBD) da Igreja Cristão Evangélica Central de São José dos Campos aprendi desde cedo que tudo o que a gente pedisse para Deus, e se assim fosse da sua vontade, Ele nos concederia. Vivi e tenho vivido esta verdade nestes meus quase cinquenta anos de vida e digo que Ele nunca, nunca me decepcionou. Também aprendi por experiência própria que coisas materiais nem sempre são prioridade para Ele. Por mais que a gente ache que teria uma vida melhor com isso ou com aquilo, uma vez que a gente tem consciência de que Ele se faz soberano na nossa vida, a gente entende que buscar a sua orientação em cada aspecto da nossa vida, certamente irá fazer a nossa vida menos tumultuada.

            Dou um exemplo pessoal:

            No final de 2021 eu recebi a boa notícia de que meu irmão tinha sido aprovado na difícil prova do INBDE. Para quem é da Odontologia e busca o seu exercício em solo americano, sabe da dificuldade de se preparar para esta prova, bem como a dificuldade da prova em si. Você pode encontrar mais informações sobre esta prova aqui. Quando eu ouvi esta notícia eu pensei que talvez fosse, também, a minha hora de partir para alguma coisa maior na minha vida profissional. Digo isso porque por muito tempo eu sempre neguei a possibilidade de trabalhar em consultório particular aqui nos EUA. O trabalho no Community Health Center sempre supriu as minhas expectativas profissionais e pessoais e, depois de falhar duas vezes na prova do NBDE parte I, pensei ter feito as pazes comigo mesmo e decidi continuar seguindo a minha vida assim como ela está.

            O problema foi que eu comecei a me sentir estagnado. Essa sensação de torpor começou a me incomodar, e aquela notícia dada pelo telefone vindo lá do Canadá foi a fagulha necessária para reacender o meu desejo de seguir em frente profissionalmente. Comecei a juntar informações e material de estudo e estipulei metas e objetivos tangíveis a serem alcançados a fim de conseguir a minha aprovação no novo formato de prova, o então chamado INBDE. Foram semanas e meses de preparo até o dia 18 de março do ano passado quando o resultado da prova chegou. Foi o PASS. Consegui. Phew! Agora é seguir em frente. Mas para onde? Qual o melhor caminho a ser seguido?

            Eu trabalho diariamente fazendo o atendimento clínico abrangendo quase todas as áreas da Odontologia. Faço restaurações, tratamento de canal, limpeza e profilaxia e extrações. Faço coroas individuais e por muito tempo fiz próteses totais e parciais. Quem me conhece sabe que eu tenho uma queda pela Endodontia e sabe que é uma área que muito me atrai. De posse do resultado positivo no exame INBDE eu decidi partir para uma residência nesta disciplina. Por que não? Com tantos anos de trabalho em um Community Health Center eu achava que teria um bom histórico profissional para me tornar um excelente candidato a uma das poucas vagas oferecidas pelos programas nacionais. Quero dizer que desde o início neste processo tudo o que eu fiz foi decidido por conta própria. Em momento nenhum eu dediquei tempo em oração e busca pela orientação de Deus.

            Ainda que isso possa parecer burrice – e foi – em momento nenhum eu me senti desmotivado. Na verdade, quando eu fui chamado para fazer uma entrevista na Universidade da Carolina do Norte eu me senti muito confortável ao lado dos demais candidatos. Eu sabia que tinha a possibilidade de ser selecionado e que o meu chamamento seria quase certo. Foi exatamente isto: quase certo.

            A resposta que recebi dois dias depois da minha entrevista se mostrou evidente que não era exatamente aquilo que Deus queria para mim. Eu consegui uma posição em uma lista de espera. Na verdade, eu fui o segundo colocado em uma lista de espera para três vagas. Soube, posteriormente que meu nome subiu para primeiro nesta lista depois que um dos candidatos selecionados desistiu da vaga por não se achar preparado ainda para esta oportunidade. No meu caso, a vaga na Residência bateu na trave, e eu precisaria continuar com um outro plano.

            Como eu disse antes, eu trabalho com um amplo espectro dentro da Odontologia e a minha intenção na busca da Residência em Endodontia era continuar com o meu trabalho dedicando-me especificamente a esta área. Eu pensava que se eu fosse dedicar tempo e investimento em estudo, eu gostaria de investir e focar minhas forças em uma área específica. Confesso ter ficado decepcionado em simplesmente ficar em uma lista de espera, mas enquanto o tempo passava e eu remoía isso dentro de mim durante o trabalho, eu me dei conta do prazer que eu tinha fazendo o trabalho com clínica geral que eu venho fazendo. Talvez eu me dedicar exclusivamente para uma disciplina somente não seria exatamente o que Deus queria para mim.

            Pouco a pouco eu fui percebendo que mesmo que eu completasse os dois anos do Advanced Standing em qualquer programa local eu obteria a possibilidade de continuar com a clínica geral e poderia muito bem continuar fazendo a Endodontia da qual muito me agrada. Mais do que isto, eu poderia dedicar tempo para me aprofundar em cursos clínicos oferecidos em todo o país, aumentar a minha habilidade e conhecimento na área, mas sem a exclusividade de somente fazer Endo. Neste exato momento foi que eu vi que o que eu precisava ter feito desde o início foi ter aplicado para o programa Advanced Standing.

            Como todo esse insight aconteceu depois do prazo de inscrição acabar para muitos programas, restou o da Boston University (BU) que tinha a sua finalização para aplicação mais próxima do final do ano. A BU sempre foi uma possibilidade que imperou dentro da minha cabeça pelo fato de uma colega do trabalho ter sido aprovada no programa em 2009 e, desde a sua graduação, ela sempre foi uma grande incentivadora para o ingresso no programa. Outros colegas e amigos que fiz por aqui ingressaram no programa da Tufts University e sempre ofereceram grandes feedbacks do curso para mim, mas por algum motivo a BU sempre teve um espaço especial na minha mente.

            Confesso ter demorado um pouco para fazer a minha aplicação, por conta da remota possibilidade de ainda ser chamado para a UNC. Pessoalmente, eu pensava em enviar a minha aplicação no último dia estabelecido pela BU – dia 15 de novembro – mas conversando com essa colega que concluiu o programa em 2011 ela sugeriu não esperar muito tempo, porque quanto antes eu aplicasse mais cedo eu poderia ser chamado para uma entrevista. E foi exatamente o que aconteceu.

            No início de novembro de 2022 eu enviei o meu pacote de aplicação. Eu paguei, mandei e por alguns dias eu esperei ansiosamente por um contato por parte da BU. Nunca aconteceu. Passou o mês inteiro de novembro, dezembro até que no final da primeira semana de janeiro eu recebi um e-mail por parte do departamento de admissão que eu estava sendo convidado para uma entrevista para o programa ASP da Boston University. Pouco menos de uma semana depois eu estava na frente de um computador no trabalho fazendo a entrevista que poderia mudar o rumo da minha vida. Foram pouco mais de 40 minutos de uma conversa franca e verdadeira, contando um pouco sobre mim e contando sobre a minha experiência profissional até então, planos futuros e o que mais eu poderia oferecer para a Universidade e a comunidade local.

            Voltando um pouco para as minhas aulas semanais na EBD em São José dos Campos eu aprendi que quando a gente pedisse alguma coisa para Deus ele nos concederia. Certa vez eu pedi para que ele me desse paciência para um determinado momento que passei na vida. O que eu não sabia era que quando a gente pede paciência para Deus ele simplesmente não dispara um raio na nossa cabeça e a gente fica paciente. A forma como a gente aprende a ter paciência são situações e momentos pela qual passamos e realmente temos que aprender a esperar pacientemente. Hoje eu venho tendo a oportunidade de praticar uma coisa que há muito tempo eu pedi para Ele e agora eu sei que tenho o que é necessário para continuar aguardando. Eu procuro não reclamar da espera, já que foi por decisão minha que eu esperei tanto tempo para aplicar para este programa e, mesmo que eu pensasse em reclamar, que bem faria?

            Eu sei que para muitos eu demorei muito para vir para os Estados Unidos e sei também que para muitos eu demorei muito para aplicar para este prestigiado programa oferecido a Dentistas internacionais. Mas eu sei também que eu cheguei na hora certa aqui nos EUA. Eu sei que tomei a decisão certa na hora certa e em nada, antes ou depois, eu me arrependi de fazer o que fiz. Talvez se eu tivesse trazido em oração os meus planos para Deus, hoje eu já estaria me preparando para o início das aulas na última semana de julho, mas olhando para trás eu penso que se eu o tivesse feito, talvez eu não tivesse tão certo da satisfação que me dá fazer um trabalho tão eclético como o que eu venho fazendo. Se Deus permitir que a Boston University me chame, eu quero mergulhar de cabeça nesta oportunidade, compartilhar conhecimento e chegar de cabeça aberta para continuar aprendendo; sempre andando para frente.

            Um abraço e sucesso sempre.

 

15 Anos, 1 semana, 4 dias

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Funções bem definidas

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