Culpa de quem?

            Este ano é memorável. 2022 vai ficar marcado por alguns acontecimentos que deram ou potencializaram uma guinada na minha vida pessoal e profissional. O primeiro de todos foi a minha aprovação no exame INBDE. Depois uma nota acima da minha média no exame de inglês TOEFL, o que me colocaria de uma maneira competitiva em qualquer Escola onde eu aplicasse. Fui convidado para realizar uma entrevista para Residência em Endodontia em uma das mais prestigiadas Universidades Norte Americanas e tive, ainda, dois diagnósticos confirmados de COVID com um mês de diferença entre eles (férias bye, bye!).

            Mais do que tanta notícia boa que aconteceu até aqui, daqui cerca de duas semanas eu completarei quinze anos vivendo nos Estados Unidos. Se você já me segue há algum tempo, sabe por tudo o que eu passei, quando cheguei sozinho, primeiro trabalho, primeiras conquistas, primeiro carro, primeira casa, primeira filha. Quando eu olho para trás eu fico imaginando tanta coisa legal pela qual passei. Quem me conhece sabe que esta foi uma mudança definitiva, ao contrário de tanta gente que eu conheço que deixaram bens e propriedades no Brasil ou mesmo investem em solo brasileiro, tudo o que eu tinha – o pouco que eu tinha – eu trouxe comigo sem qualquer intenção de voltar, seguindo o que a minha mãe falou um dia antes da minha viagem: “Vai e não olhe para trás”.

            Olhar para trás tem alguns significados que não podem nos afastar de quem nós somos. Algumas pessoas com quem eu interajo me perguntam se eu não sinto saudades do Brasil. Eu seria muito hipócrita dizer que não, haja visto eu ter vivido trinta e quatro anos no Brasil. Eu deixei família e amigos, mas o advento da Internet realmente acabou aproximando a todos de uma maneira tão direta e rápida que só sente saudades mesmo quem não se interessa em ir atrás de quem se ama. A primeira vez que eu voltei ao Brasil em 2008 fui surpreendido por alguém que disse que eu tinha me mudado e não tinha mais dado notícia e que estava com saudades de mim. Saudades de mim? Hm... quer dizer, eu sou culpado por não ligar para alguém que disse ter saudades de mim? Eu acho que esta é uma via de mão dupla, correto? Vamos ver: Twitter – que ninguém mais usa - @drjackcosta, Facebook eu tenho duas páginas, a pessoal e a página do blog Dentista Brasileiro nos EUA, Instagram @drjackcosta. Todas as informações disponibilizadas para quem quiser conversar ou matar saudades.

            Semana passada eu vi a fotografia de um amigo e irmão em Cristo que nos conhecemos há mais de quarenta anos. Crescemos juntos na mesma Igreja. Temos uma pequena diferença de idade sendo ele um pouco mais novo, mas estamos ali quase na casa dos cinquenta. Nesta fotografia estava ele, a esposa e os dois filhos, sendo que um dos filhos estava fardado. Eu pensei comigo: onde os anos foram parar? Eu preciso falar com ele, colocar a conversa em dia, saber que farda era aquela? Quer saber? Não foi nem preciso ligar. A comunicação hoje em dia está tão fácil que com uma mensagem de texto eu soube que estavam todos bem e que seu filho mais velho está fazendo a EsPCEx.

            Você tem saudades de alguém? Ligue, escreva, mande sinal de fumaça, faça alguma coisa para que esta distância diminua. Dê o primeiro passo e reforce esta ponte que existe entre vocês. Marque presença na vida das pessoas, porque um minuto que você passe compartilhando seus sentimentos pode mudar para sempre a vida de alguém.

            Um abraço e sucesso sempre!