Dr. João Antonio Costa

Olá!

Bem vindo ao nosso blog. Aqui eu conto um pouco sobre minhas experiências dentro da Odontologia nos EUA e o Processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA e minha jornada dentro da Boston University Henry M. Goldman School of Dental Medicine.

Espero que você aprenda bastante!

Fé

O que é fé? No livro de Hebreus Capítulo 11 versículo 1 a gente encontra a definição de Fé: “Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não veem.” Um pouco mais à frente no mesmo capitulo o autor do livro continua no versículo 6 dizendo que sem fé é impossível agradar a Deus. E ele explica porque: como a pessoa que não tem fé quer se aproximar dele sem crer que ele existe? O texto do versículo 6 ainda complementa a informação de Deus oferece recompensa para aqueles que o buscam.

Do que adianta dizer que a gente crê em Deus, confessa sua presença e soberania na nossa vida e quando o “calo aperta” a primeira coisa é se perguntar e questionar e reclamar por que as coisas não aconteceram do jeito que a gente gostaria? Quem somos nós para saber mais do que aquele a quem a gente professa ser o soberano da nossa vida e na primeira resposta contraria ao que a gente achava ser o melhor para gente a gente fica chateado, deprimido e chorando pelos cantos? A fé é um dom de Deus. É um atributo que alguns obtém como graça e outros precisam exercitar diariamente. Estas ultimas semanas de 2022 eu aprendi que não é somente o corpo físico que eu preciso exercitar e isso me impactou muito.

O meu – MEU – plano traçado ano passado foi bem direto: estudar para a prova do INBDE que ia acontecer entre fevereiro e março de 2022. Neste interim, eu entraria em contato com uma pessoa que me auxiliaria na elaboração do meu curriculum e carta de intenção para programa de Residência em Endodontia. Neste tempo, também, eu entrei com contato com pessoas que eu conhecia, me conheciam e eram reconhecidas no meio odontológico e da saude publica do Estado de Massachusetts para escreverem cartas de recomendação para mim. O ultimo passo seria obter uma boa nota de ingles na prova do toefl e mandar a papelada toda quando tudo estivesse pronto.

Veio a aprovação do INBDE, o curriculum e carta de intenção foram primorosamente feitos, as cartas de recomendação requeridas e enviadas e uma nota muito boa na prova de ingles me deram as credenciais para fazer a aplicação para programas de residência em Endodontia. Eu estava aplicando depois de quatorze anos trabalhando período integral no mesmo Community Health Center e ainda tinha quase 10 anos de experiencia clinica em consultório particular no Brasil. Eu realmente achava que tinha as credenciais e chances para ser chamado para uma entrevista.

Eu tinha dentro do meu coração um lugar especifico que eu gostaria de ingressar. Não vou divulgar aqui porque não acho que seria edificante. Isso foi uma escolha minha, assim como foi escolha minha selecionar o curso de Odontologia no Brasil e quis Deus que eu não ingressasse onde eu ACHAVA ser o melhor para mim, porque EU não sei o que é melhor para mim. Deus é quem sabe. Se eu tivesse aprendido qualquer coisa com as minhas experiencias passadas, certamente eu não teria ficado como eu fiquei quando eu descobri que o convite para entrevista deste programa que eu ACHAVA ser o melhor para mim não veio.

Eu fiz a besteira de perguntar para o Diretor de outro programa onde eu também apliquei o que eu precisava fazer para melhorar as minhas chances em uma próxima tentativa. Ele me disse que o comitê de seleção do programa procurava gente que tivesse AEGD ou GPR, exposição em temas relevantes de pesquisa, notas altas durante e faculdade e boa classificação dentro da turma – como o melhor da classe, uma coisa assim. Isso me deixou ainda mais angustiado porque na minha cabeça, se eu pensasse que todos os programas pensavam iguais eu não teria mais chance de ser chamado para entrevista. Naquele momento fazia sentido pensar assim porque todos os programas são credenciados pelo CODA – Commission of Dental Accreditation – e se todos cumpriam os requesitos exigidos pela mesma instituição, o critério de seleção deveria ser o mesmo.

Tudo bem. Passou. Foram alguns dias de desamparo e tristeza… uma lamentação que eu mesmo fiquei irritado. Não adiantava chiar ou reclamar. O negocio era me preparar melhor para aplicar para uma próxima vez. Todos com quem eu falava diziam a mesma coisa: Tudo tem seu tempo, Deus sabe o que faz. Todos falavam o que eu já sabia falava para os outros fazerem, mas não praticava. Como chama isso mesmo? É… hipocrisia, certo?

Decidi então partir para outro plano. Se não como Residente em Endodontia eu aplicaria para o programa de Advanced Standing da Boston University. Talvez ali eu tivesse um pouco mais de chance, já que eu tenho a experiência clinica que eles gostam, estou em Massachusetts e eles oferecem 100 vagas para Dentistas estrangeiros. Fui eu la de novo, preencher formulário, pagar envio de resultados de provas, pedir cartas de recomendação – hoje ainda esta faltando uma e espero que não precise – e refazer a minha carta de intenção. Tudo pronto para enviar. Desta vez eu decidi não enviar nada ate que eu recebesse todos os documentos exigidos, ainda que não seja necessario, porque a plataforma de inscrição permite que o recomendador envie a carta depois de tudo pago. Desta vez eu decidi esperar receber tudo para depois pagar e enviar tudo de uma vez.

Duas semanas atrás eu peguei COVID pela segunda vez. No final do dia da sexta-feira eu cheguei em casa e comecei a ter sintomas de febre e dor no corpo. Testei positivo e o protocolo adotado agora era ficar 5 dias em casa e, se no quinto dia eu não tivesse apresentado febre ou tivesse que ter tomado remedio para febre no dia seguinte eu estaria liberado para trabalhar. Sábado foi o primeiro dia e quarta feira seria o ultimo dia desta “quarentena”. Tudo corria bem, em casa, isolado da familia, vivendo no meu escritório ate que na quarta feira eu recebi um e-mail me convidando para uma entrevista para Residência em Endodontia. Eu quase cai das pernas!

A primeira coisa que eu fiz foi falar para minha esposa. Muito sem jeito e quase não acreditando, eu achei que aquela informação faria ela pular de alegria, mas não foi o que eu esperava. Ela ficou feliz, não me entenda mal, mas ela vinha orando tanto por esta oportunidade que eu ter falado para ela foi somente como uma confirmação do que ela já esperava. Ela demonstrou ter muito mais fé do que eu e isso foi uma lição que eu aprendi para o resto da minha vida.

Neste exato momento eu estou sentado na escrivaninha do Hotel, esperando dar a hora de ir dormir para ficar pronto para a entrevista amanha. O resultado eu não sei qual vai ser. Se Deus me permitir prosseguir como Residente, excelente! Se eu não for selecionado, não vou perder nada, porque hoje mesmo eu não sou Residente. O que vier, o que Deus me der com certeza vai ser o melhor para mim.

Deixo este textão hoje para quem estiver passando por situação semelhante. Meu pai tem o seu versículo predileto Salmos 37:5 – “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nEle e o mais ele fará”. Dois versículos que me falam também a gente encontra em Provérbios 3:5-6 que diz: ““Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” Estes dois textos são muito precisos porque o autor fala como se fosse uma ordem. Entrega! Confia! Reconhece! Todos no Imperativo. Aja de maneira a confirmar o que você crê e confia. Viva um dia de cada vez e descanse.

Um abraço e sucesso sempre!

Entrevista

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Lições que a gente aprende

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