Heroismo
Eu tenho um amigo que recentemente se aposentou como Coronel do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Quando o conheci ele tinha terminado a Academia há pouco tempo e se não me falha a memória ele estava no meio do curso de formação de Bombeiro – mais ou menos como uma pós-graduação para quem se gradua na Academia Militar do Barro Branco em São Paulo. A sua paixão pela corporação sempre caminhou com ele, ao ponto de ele ter ficado bastante abalado quando, conforme ia crescendo dentro da corporação, mais e mais ele desenvolvia trabalhos burocráticos ao invés de estar na linha de frente em ocorrências e chamadas.
O bombeiro é uma das profissões com melhor feedback por parte da população. Todo mundo gosta do bombeiro. Eles são bravos, corajosos, usam equipamentos chamativos e o caminhão do bombeiro faz passagem por onde quer que vá. Não somente isto, o treinamento deles deve estar sempre atualizado, seja teoricamente como também de maneira prática. Tudo deve estar sempre vívido na cabeça dos bombeiros para que na hora da ocorrência todo o treinamento praticado venha de maneira natural no momento de necessidade.
Certa vez estávamos em uma roda de amigos conversando e o assunto heroísmo apareceu. Todo mundo olhou para ele, por que em quem mais a gente pensa quando o assunto é herói? O bombeiro desce de rapel para salvar um suicida no vigésimo quinto andar de um prédio. Ou o bombeiro entra em um prédio em chamas e salva criança de ser sufocada... muitos e muitos exemplos a gente imagina relacionando ato de heroísmo com a presença do bombeiro.
Para nossa surpresa, no entanto, ele foi ao contrário do que a gente imaginava. Talvez por modéstia ou simplesmente esmiuçando o sentido literal da palavra “herói” ele disse que nada daquilo fazia ele se sentir como tal por conta de todo o treinamento que ele teve. Ele dizia que “herói é quem vê alguém se afogando e mesmo sem saber nadar, pula na água para salvar a pessoa”. Desde que eu ouvi isso, eu penso que é verdade. Eles dedicam toda a sua vida para um único objetivo que é salvar vidas e atribuir ato de heroísmo para quem se dedica a tal situação pode ser um pouco de exagero.
Mas ninguém pensa assim. Se eu me encontrasse em uma situação de perigo e um bombeiro estivesse por perto e aparecesse para me salvar, certamente eu consideraria aquele ato um ato de heroísmo. Para algumas pessoas, talvez, um desperdício.
O fato é que todos nós podemos ter o nosso momento de heroísmo na vida de qualquer pessoa. Qualquer ajuda oferecida quando não requisitada pode fazer a diferença na vida de qualquer um. Ofereça um abraço, ofereça um ombro, ofereça seus ouvidos. Faça-se presente mesmo quando não requisitado. Muitas vezes o simples ato de simplesmente estar ali ao lado fala muito mais do que qualquer outra coisa.
Um abraço e sucesso sempre!