Primeiro Semestre 2020
O ano de 2019 foi um ano muito revelador para mim. Dentro do contexto profissional eu tive contato com áreas muito escuras da minha personalidade. Coisas que eu não pensava e começaram a aflorar no meu pensamento e observações do comportamento das pessoas próximas dentro do ambiente de trabalho que anteriormente, ainda que estivessem em evidência, eu não fazia muita questão de prestar atenção. Eu aprendi muito. Decidi, então, dizer que o ano de 2020 seria um ano diferente. 2020 seria o meu ano.
Janeiro começou com uma quase ameaça de suspensão no trabalho por incompetência do sistema postal. Procurei de toda forma não me fazer de vítima, mas parece que neste aspecto eu fui malsucedido. Parte do aprendizado mencionado acima se deve ao fato de eu ter aprendido que depender do sistema, algumas vezes, pode fazer você cair do cavalo e que, muitas vezes, nem tudo o que está escrito nas orientações encontradas online deve ser entendido de maneira literal. Aprendi que se há a necessidade prazo a ser cumprido, este deve ser feito com pelo menos um ou dois meses de antecedência. Aprendi, também, que ainda que não pareça você está sendo observado e está tendo suas atitudes, gestos e palavras julgadas de maneira muito aleatória por todos ao seu redor. Existe uma chance muito grande de você ser considerado um hipócrita ou ter seus valores questionados na primeira oportunidade existente. Aprendi que andar com a guarda fechada é sempre a melhor coisa.
Mas janeiro ainda não tinha terminado e eu vi um mame na internet que representava muito bem a minha situação até então. Eram duas fotografias. A primeira o ator Joaquim Phoenix no personagem do filme Joker aparecia de peito estufado como que atravessando a rua, dono se si mesmo com a seguinte frase: “2020 vai ser o meu ano”. A fotografia de baixo mostrava o mesmo ator trajado do mesmo personagem com o corpo em arco no ar e um carro passando velozmente mostrando nitidamente a cena de um atropelamento. Sobre a imagem do carro estava escrito 2020. Senti literalmente o ano de 2020 me atropelando. Mas ainda era o final de janeiro.
Veio fevereiro e com ele a oportunidade de visitar meu irmão e família no Canadá. Foi muito bom. Fui com minha filha – nossa primeira viagem solo – sem a mãe dela. Foi uma viagem curta, mas muito proveitosa. Quase 3 semanas depois do nosso regresso estávamos todos em casa, afastados do trabalho; onde ficaríamos isolados por mais de 90 dias.
De fato 2020 está se mostrando um ano muito atípico. Não dá para pensar de outra maneira. E para falar a verdade, atípico está sendo até um termo muito simplista. Mas infelizmente aquela nossa ânsia de se queixar e reclamar, muitas vezes, se mostra maior do que agradecer as coisas boas que nos acontece. Neste período não ficamos sem alimentação ou perdemos saúde. O banco que fazemos o pagamento da hipoteca da nossa casa nos estendeu o prazo para o não pagamento da casa sem comprometimento de credito por 6 meses, mantivemos nosso vinculo de trabalho, tivemos a oportunidade de coletar seguro desemprego ainda que não estivéssemos desempregados, minha filha conseguiu concluir seu ano letivo em casa através do uso da internet... as coisas boas de fato se fizeram mais evidentes do que as coisas ruins. Sentimos realmente Deus nos protegendo e cuidando das nossas vidas durante todo este tempo e, deixar isso de lado simplesmente é ignorar e não reconhecer o óbvio.
Chegamos na metade do ano sendo que a primeira metade não foi a mais produtiva em muitos anos. O que importa é que vivemos e chegamos até aqui em paz e com saúde e, se existe uma lição a ser aprendida eu diria que é esta: “Não atravesse a rua sem antes olhar para os dois lados.”
Um abraço e sucesso sempre.