Dr. João Antonio Costa

Olá!

Bem vindo ao nosso blog. Aqui eu conto um pouco sobre minhas experiências dentro da Odontologia nos EUA e o Processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA e minha jornada dentro da Boston University Henry M. Goldman School of Dental Medicine.

Espero que você aprenda bastante!

Quem manda?

Quem manda?

            Quando eu trabalhava no Brasil um dos últimos locais onde eu trabalhei foi em um bairro da periferia de São José dos Campos, interior de São Paulo, onde não havia ainda a presença de um Dentista. Pensando que eu poderia fazer a diferença no cuidado da saúde bucal da população do bairro e na minha vida profissional, decidi investir e desbravar este novo nicho de uma cidade que mantém um dos maiores índices de Dentista por habitante. Ao mesmo tempo, pouco ou quase nada sobre montar, gerir e administrar um negócio eu sabia. E sei. O que eu sei é que são necessárias horas de estudo, literalmente debruçado sobre a mesa, para montar um plano de negócio, elaboração de documentação, estudo, planejamento e tudo que faz um consultório odontológico ser encarado como uma empresa.

            Dá até vontade de dar risada... eu cheguei e montei um consultório - se é que posso falar assim - em uma sala comercial, ao lado de uma barbearia, em um local escondido no bairro, próximo à avenida principal, embaixo da casa do dono da barbearia. Olhando de frente, à esquerda, você via um portão estreito como se fosse um pequeno corredor. Ali, ao fundo, eu coloquei o meu compressor. Dali de fora a tubulação de ar e fiação elétrica passavam para dentro da sala comercial, dentro do banheiro - que ficava ao fundo da sala, e seguia para dentro do consultório. Este era provido de uma bancada de canto, mais uma extensão de um consultório antigo que eu comprei de segunda ou terceira mão logo que me formei, uma cadeira, o aparelho de raio-X preso à parede por um aparato muito bem elaborado e feito pelo meu sogro, uma mesa de escritório e uma prateleira de metal, destes cheios de buracos para poder colocar as prateleiras na melhor posição desejada.

            Logo depois que eu comecei a trabalhar ali, a vida do pessoal que morava em cima do consultório não ficou nem um pouco fácil. Às oito horas da manhã eu ligava o compressor, e o barulho era realmente ensurdecedor. Ficou assim até que eu mandei colocar uma sapata de borracha e finalmente acabar com aquele barulho e vibração. Não era fácil nem para eles, nem para mim. Mas era o que tinha. Fiquei ali por cinco anos até que meu irmão me convidou para trabalharmos juntos. Depois desta última mudança meu destino foi os Estados Unidos.

            Uma coisa que eu não consegui aprender nestes quase vinte e cinco anos de Odontologia é colocar limites para o que o paciente exige. Aliás... ainda depois deste tempo todo, eu ainda não consegui assimilar que o paciente não deve mandar em nada. Ele pode ter o desejo de fazer isto ou aquilo, mas a palavra final do tratamento deve ser do Dentista. Parece uma coisa óbvia de se falar, mas na realidade muitas vezes para não perder o cliente, o Dentista acaba se curvando ao que o paciente quer simplesmente para não perder o cliente. Não somente isto. Vai perdendo também a reputação, porque não tem nada pior para um negócio do que alguém insatisfeito falando mal do seu trabalho para as pessoas. Aí fica o dilema: Ficar como o Dentista mole que faz o que se pede ou o Dentista sem pacientes e contas para pagar.

            Eu não vou discutir o mérito do assunto de ser mole ou não. O meu ponto não é esse. O que eu quero dizer é que a palavra final na elaboração do plano de tratamento deve ser do Dentista. Ele(a) deve ter a autonomia para elaborar, discutir, planejar e executar o tratamento. Para que não haja dúvidas o paciente deve assinar o plano de tratamento para a execução do mesmo e quando houver qualquer mudança, esta deve ser anexada junto ao plano de tratamento com o novo documento assinado novamente pelo paciente.

            Quem manda no seu consultório deve ser absolutamente você. Se esta informação não for elucidada para o paciente no início deste relacionamento tudo mais adiante ficará mais complicado. O paciente saberá que terá o que quiser quando quiser e você irá se sentir como um refém nas mãos de quem não sabe absolutamente nada como fazer o que somente você sabe.   Agora, se você meu colega Dentista for casado, aí então é que o consultório deve ser o seu lugar para ter a última palavra, porque sabemos que quando a gente volta para casa a nossa palavra é sempre a última a ser dita: “Sim senhora”.

            Um abraço e sucesso sempre.  

Dias difíceis

Dias difíceis

Daqui a dez anos

Daqui a dez anos