Caminho mais fácil
Eu olho para o lado e fico pensando que a idade avançada realmente está começando a fazer sua presente na minha vida. Meu pai diria: “Graças a Deus, por que se não você estaria morto”. Sempre um comentário otimista. Coisas simples. De estivar o braço e não sentir o caixão ao lado a ter dinheiro no final do ano para pagar o imposto de renda. Mas conforme a idade avança aquilo que para a gente era coisa de impressionar, hoje minha filha não tem idéia do que se trata. Mostrei para ela um telefone de discar. Você também não conhece? Não caiu a ficha? Tudo bem. Está valendo.
No início dos anos 80 eu me lembro vendo um comercial na televisão estrelado pelo Canhotinha de ouro: Gerson. Diziam que jogava no meio campo. Jogava muito. Tri campeão mundial naquele que é considerado um dos melhores times de futebol de todos os tempos. Um timaço. Melhor que este, dizem, só o da Copa de 2002, mas eu vou parar por aqui.
O comercial do Gerson era do cigarro Vila Rica, naquela época onde as propagandas de cigarro mostravam gente fazendo esportes radicais e guiando gado como verdadeiros macho man. Só propaganda enganosa, porque hoje o esporte radical relacionado com cigarro é conseguir respirar e macho man é termo proibido porque pode ferir o sentimento de quem não é e se acha.
O slogan da propaganda acabou se tornando uma praga para o próprio garoto propaganda e acabou definindo, em parte, o perfil do brasileiro “É preciso levar vantagem em tudo” acabou homologando a famosa “Lei de Gerson”. Entre idas e vindas parece que hoje esta ainda é a ideia que os brasileiros carregam dentro de si: Preciso levar vantagem.
Quando a pessoa decide viver nos Estados Unidos esta idéia soa como algo inconcebível. Não dá para querer levar vantagem em tudo. Por aqui o que se reconhece é o trabalho feito corretamente, dentro de uma organização bem elaborada e estruturada. Não é possível desejar viver em um país que se reconhece as regras e estas são seguidas e ainda assim querer cortar caminho e seguir por atalhos.
Invariavelmente perguntam para mim sobre a existência de bolsas de estudo para programas de revalidação do Diploma de Odontologia nos Estados Unidos. Não existem e eu creio que nunca existiu. O que existe são programas de residência clínica (AEGD) onde o aluno recebe como que um salário (stipend) para cursar o programa, mas ainda assim funciona como uma ajuda de custo. A vantagem é que não se desembolsa dinheiro para concluir o programa. Mas estes programas de residência clínica não possibilita o exercício em todos os Estados Americanos como aqueles que concluem o Advanced Standing Program.
Neste caso não dá para querer levar vantagem em cima de nada. Você quer exercer a Odontologia nos Estados Unidos? Lembre-se que não há atalho ou caminho mais fácil ou simplesmente fazer uma prova ou querer economizar. Se você quiser seguir o caminho mais fácil fique em casa e assista sessão da tarde.
Um abraço e sucesso sempre!
