Um único detalhe.
Meu pai tinha um tio. Não sei quão próximos ele eram deles, mas me lembro bem dele e da sua fisionomia. Acho, na verdade, que eu me lembro mesmo era de uma verruga enorme que ele tinha no rosto. A tia, sua esposa, era muito querida. Irmã mais nova do meu avô – todos seus irmãos eram mais novos que ele, então, o primogênito – tinha uma mão muito boa para confeitaria. Na família quando era necessário fazer um bolo, a tia era sempre lembrada.
Para mim todos eram velhos. Se para mim, que via meu pai como adulto, ver seus tios era como ver a extensão dos meus avós. Eram idosos. Eram aposentados. Ou quase, porque aqui no Brasil para se aposentar de vez seria como simplesmente pedisse para morrer de tédio. O tio do meu pai, creio eu, trabalhou ainda por muito tempo. E muito tempo depois que ele faleceu que eu descobri que ele foi técnico dos equipamentos odontológicos na UNESP – SJC.
Bons técnicos de equipamento odontológico são poucos. Existem muitos. Quando eu morava no Brasil, tinha um na minha região que se achava... para conseguir uma visita tinha que literalmente implorar por ele. Outro – o que eu mais gostava e respeitava – tinha a palavra como sua prioridade. Se podia visitar ele dizia na hora. Não ficava enrolando, não respondendo suas ligações – em época sem telefone celular ou mensagem de texto – ou dizendo que ia aparecer e nunca dava as caras. Acho que todo mundo já encontrou um assim. Aos que se mantinham fiéis, todo o meu respeito.
Nos EUA não é diferente. É muito diferente. Os técnicos aqui são agendados por uma central. Você não liga para o técnico. Você liga para a central que controla a agenda do técnico e no dia e hora marcado ele está lá para resolver o problema. Se não for o que geralmente vai fazer a manutenção necessária, outro é enviado para que o Dentista não perca hora de paciente e nem produtividade.
Curiosamente esta semana conversei com o técnico que realiza a manutenção do equipamento onde trabalho. Descobri que para poder ser técnico de equipamento odontológico aqui nos EUA não é preciso nenhum estudo específico. Se a pessoa tem experiência na área as chances de colocação são muito grandes. O salário? Eu sinceramente não sei. É fácil pesquisar e qualquer um pode fazê-lo. O que a pessoa precisa é ter conhecimento e experiência na área, saber sobre hidráulica, elétrica e ar. Muito difícil? Acho que não. Só tem um único detalhe:
Tem que saber falar inglês.
Você topa?