Leis da Física
Eu nunca fui o melhor aluno da classe. Eu queria ser, mas eu tinha esse problema que desviava a minha atenção durante a aula que se chamava “desmontar a minha caneta é mais interessante”. Hoje eu penso sobre o assunto e até penso em dar risada, mas toda vez que eu me lembro do assunto, eu sinto como que se eu fosse ficar de castigo e perder meus privilégios de assistir televisão. Demorou um pouco para eu entender que não era o que eu aprendia, mas o que eu não entregava como resultado. Se eu ficasse distraído na sala de aula, fosse um mau elemento dentro da classe ou xingasse algumas professoras e professores do que eles realmente deveriam ser chamados, mas chegasse com notas boas ou acima da média, então estava valendo.
Mas não era isso que acontecia. Além de eu não me meter em briga dentro e fora da escola, não dar resposta atravessada e não xingasse ninguém eu ainda não entregava resultado e ainda tinha a época do Natal e fim de ano como o período mais estressante do ano, porque eu tinha que passar de ano na escola. Hoje eu sei que parte do sucesso do aprendizado de qualquer um é ter um professor que inspire. Eu não posso despejar toda a culpa sobre aqueles que se dispõe a ensinar e não o fazem de maneira eficiente, porque o aluno tem tanta responsabilidade como aquele que se propõe a ensinar. No caso de o professor não ter aquele élan para inspirar seus alunos, aqueles que querem progredir devem trabalhar com muito mais afinco a fim de obter um resultado digno do seu esforço.
Eu tenho dois momentos que ficaram marcados na minha vida, de professores que fizeram a diferença na minha vida acadêmica. O primeiro foi o Saulo, professor de matemática no meu último ano do ensino médio. O Saulo tinha um entusiasmo para ensinar que até então eu nunca tinha visto. Eu entendi depois de muito tempo que eu deixei a escola que eu meu grande problema com a área de exatas era a minha dificuldade em conseguir entender as ideias abstratas que a matéria oferecia. Ainda hoje quando eu vejo vídeos de aulas sobre os assuntos eu tenho um pouco de dificuldade para entender alguns princípios e conceitos, mas o Saulo sabia como fazer o assunto uma coisa palpável e interessante.
O segundo caso foi na Faculdade de Odontologia, na matéria de Odontopediatria com o Prof. Celso que nos fez mergulhar nos trabalhos de Eric Berne. Para quem não sabe, Eric Berne criou o ramo da psicologia chamada “Análise Transacional”. O Celso nos ensinou a entender como a nossa mente funciona durante nossa interação interpessoal e como entender e nos colocar diante de situações a fim de conseguir administrar nossas emoções, bem como fazê-lo com nossos pacientes pediátricos e seus pais. Dá um pouco de trabalho conseguir colocar todos os conceitos para funcionar, mas eu acredito que este ensinamento me ajudou muito a chegar até aqui.
O que eu quero dizer é que a gente sempre tem e encontra pessoas e motivos para nos fazer mover. Existe a lei da Física que fala sobre a conservação do momento onde a idéia de movimento é descrita. Se você parar de empurrar alguma coisa, ela vai parar de se movimentar. Parece ser uma coisa óbvia, mas se a gente parar para pensar, por qual motivo a gente muitas vezes se sente estagnado? Eu respondo por mim mesmo: Até alguns anos atrás eu estava com a vida que pedi a Deus. Trabalho seguro, família, casa, tudo caminhando na mais perfeita harmonia, mas eu não tinha para onde crescer. O meu desenvolvimento profissional estava impedido de continuar a crescer e eu sabia e sentia que precisava fazer alguma coisa.
Eu tive que dar alguns passos para trás para tomar impulso para poder dar um salto. No caso, eu deixei a posição de Team Leader a fim de me dedicar com mais exclusividade ao meu atendimento clínico, poder tirar a minha mente de assuntos fora do meu controle, como relações interpessoais dentro de departamento. Isso criou um espaço que pode ser preenchido com estudo e preparo para as provas necessárias para continuar andando o que acabou culminando no meu ingresso dentro de uma grande instituição de ensino nos Estados Unidos.
Se hoje eu pudesse voltar no tempo e pudesse dar um conselho ao meu jovem eu, eu não sei se eu poderia dizer alguma coisa para ele que o fizesse mudar de atitude, talvez eu dissesse para mim mesmo que valeria a pena deixar de lado o que me distraía durante as aulas para poder me concentrar com mais atenção ao que estava sendo ensinado, deixar as provocações de lado e fazer o meu melhor em tudo o que me chegasse às mãos. Eu sei que tenho um desafio muito, mas muito grande pelos próximos dois anos, mas sei também que o resultado positivo oriundo de todo este esforço me fará uma pessoa e um profissional melhor. Ande sempre para frente.
Um abraço e sucesso sempre.