O Futuro já está aqui
Você sabe que está ficando velho quando o Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo está na sua quadragésima edição e você se lembra da sua primeira vez ali, quando estava na décima sétima edição. (Para quem achar que eu sou um velho caquético, aqui vai uma informação importante: Inicialmente o CIOSP era realizado bianualmente. O Congressão – como é carinhosamente chamado – passou a ser anual lá pelo final dos anos 90. Então se você fizer as contas vai ver que isso acaba me colocando numa faixa etária não tão avançada assim). Pois bem: velho sim, caquético é a sua avó.
Mas voltando ao assunto, ver o Congressão na sua quadragésima edição é uma coisa surpreendente, ainda mais pela evolução científica que a nossa ciência vem desenvolvendo. Eu me lembro de uma das últimas edições do CIOSP que participei onde eu vi um equipamento super avançado fazendo escaneamento de um preparo de coroa com o que eles chamam de 3D touch probe scan. Este tipo de escaneamento é composto por uma haste de metal onde na sua ponta existe um material plástico onde o contato deste com a peça a ser escaneada é gravado em uma imagem. Com o material em constante contato com o preparo e o contínuo movimento deste sistema, um computador analisava os eixos X, Y e Z dando a conformação espacial do que era necessário replicar. Hoje em dia este mesmo processo é feito muito mais rapidamente com o uso de laser.
Muito mais do que esta evolução tecnológica, o grande boom da Odontologia moderna é a utilização de procedimentos e processos digitais que vêm tornando a Odontologia muito mais avançada, rápida e eficiente. Eu dou um exemplo: Uma coroa de zircônia pode ser entregue em até uma hora, desde o seu preparo até a sua cimentação. Isso todo mundo sabe. Mas ainda que este processo ainda seja considerado caro a tendência que existe é que em pouquíssimo tempo esta disponibilidade irá se mostrar ao alcance de muito mais gente. É o processo natural deste progresso pelo qual estamos vivendo. A Universidade de Boston em conjunto com uma empresa local norte-americana estão trabalhando juntas no desenvolvimento de um robô que vem auxiliando a colocação de implantes. Ainda que tudo isto que eu esteja descrevendo já seja do conhecimento de todos – ou quase todos – eu não quero “chover no molhado”. O que eu quero dizer é que em breve isso tudo vai estar ao alcance de todos.
Ao mesmo tempo que, este ano, o CIOSP tomava forma na Expo Center Norte em São Paulo, o Yankee Dental Meeting também acontecia no Pavilhão de Exposição de Boston. Considerado um dos maiores encontros de Odontologia dos EUA, este encontro traz para aqueles que se inscrevem novidades em termos tecnológicos e educacionais que são necessários para que seus participantes continuem no exercício da sua profissão. Digo isto porque aqui nos Estado de Massachusetts os Dentistas têm suas licenças de trabalho a cada dois anos – Limited Licensed Dentists a cada ano – e durante este período os Dentistas locais devem cumprir 40 horas de educação continuada a fim de renovarem suas licenças. Aos Limited Licensed Dentists este número cai pela metade. Mais do que participar de uma grande feira odontológica os Dentistas Americanos correm para fazer, sobre as mais diversas áreas. Coisas que vão de hands-on para acadêmicos melhorarem seus preparos até técnicas avançadas de cirurgias para endodônticas.
Este ano eu tive a oportunidade de participar dos 3 dias do Congresso, me dando a oportunidade de, não somente cumprir com todos os meus créditos para este ano, como também participar da feira e interagir diretamente com os vendedores dos equipamentos mais legais que você pode imaginar. Dou um exemplo: andando no último dia da feira eu me deparei com um equipamento enorme da empresa Dentsply Sirona. Esta empresa é a criadora do Prime Scan, Prime Mill e Speed Fire. Este é o que há de mais avançado em termos tecnológicos no escaneamento, preparo e finalização de coroas de zircônia. É justamente o equipamento a que tenho acesso no trabalho e onde, em uma hora, eu posso preparar, escanear e cimentar uma coroa de zircônia. Este equipamento enorme de que falei tinha o nome de Primeprint. Como o próprio nome diz, é uma impressora 3D que entrega em minutos modelos escaneados, placas de mordida, moldeiras e coroas e provisórios para próteses parciais fixas. Para a minha surpresa, o vendedor disse ainda que em quatro meses este mesmo equipamento colocará dentro dos consultórios locais, a possibilidade de em horas um paciente desdentado total sair com sua prótese total nova em folha; sem a necessidade de espera entre consultas para o envio a confecção em laboratórios. Tudo ali, na frente do paciente.
A realidade é clara e vem se mostrando cada vez mais evidente que o mundo odontológico será – e já está sendo - muito mais tecnológico. Hoje é possível fazer o escaneamento de pacientes que buscam a ortodontia e ter seu aparelho ortodôntico feito sob medida, sem a necessidade do uso de uma prescrição genérica oferecida pelo comércio. Ele mesmo será sua própria prescrição. Já em pleno funcionamento em um Community Health Center em Massachusetts os pacientes locais têm acesso a coroas fabricadas com o uso da mais avançada tecnologia disponível atualmente. O uso de laser no preparo e desinfecção de canais em Endodontia, periodontia, dentística e cirurgia já é coisa do passado. Robôs e softwares em desenvolvimento e já em funcionamento estão sendo usados no planejamento e colocação de implantes.
O mundo vem se mostrando cada vez mais avançado, e cabe a cada um de nós nos mostrar prontos para esta contínua busca pela atualização, porque vai custar muito caro se deixar ficar para trás.
Um abraço e sucesso sempre.
