Conselho 2
Confesso que venho tendo muito prazer nestas duas últimas semanas investindo tempo na elaboração das entrevistas feitas e disponibilizadas no Youtube e aqui no blog. Há alguns anos eu tive essa intenção de colocar em contato os Dentistas Brasileiros aqui nos Estados Unidos, mas eu percebi que a dedicação deveria ser muito maior que o tempo que eu tinha disponibilizado para esta tarefa, bem como a dificuldade de encontrar gente disposta a fazer parte deste pool de pessoas.
Desde que eu iniciei minha vida dentro da Odontologia - ainda na faculdade - eu ouço que Dentistas não são unidos, e que é preciso maior união entre a classe, que é um absurdo o que se paga para o CRO e o CFO e pouco ou quase nada essas instituições fazem pela classe, que é um absurdo ser obrigado a pagar para o Sindicato - acho que este pagamento foi abolido - e que se a classe não se unir, nunca nada vai mudar. Pois bem: vão se 23 anos no próximo dia 13 de fevereiro que eu iniciei minha vida profissional e parece que nada mudou. O que fazer então?
Isso foi mesmo uma pergunta retórica, porque eu não tenho a solução para este problema. Na verdade, o que eu tenho procurado fazer é justamente o contrário. Eu venho tentando ajudar quem busca respostas. Se as postagens no blog ajudam ou não, ou se as entrevistas que venho fazendo incentivam ou não as pessoas a buscarem o sonho de viver nos EUA e trabalhar como Dentistas eu não sei. Mas eu sinto que a minha parte eu estou fazendo.
Essa semana eu conversei com três Brasileiros que vivem hoje nos Estados Unidos e trabalham como Dentistas. Cada um deles com uma história diferente. Cada um deles viveu as dificuldades e vitórias necessárias para alcançar seu objetivo. Se você perguntar para cada um deles se foi fácil, eu posso dizer de antemão que a resposta é um grande e sonoro não! Como é que pode ser fácil ingressar em um país diferente, com uma cultura totalmente diferente, com requerimentos e características diferentes do que se está habituado? Muita gente ainda acha que para se tornar dentista nos EUA, basta simplesmente fazer uma prova e tudo se abrirá como se em um passe de mágica. Não funciona assim.
Algumas coisas são necessárias serem levadas em conta quando se pensa em deixar o Brasil para imigrar para os EUA:
1) Veja o que você vai deixar para trás. Uma coisa que eu costumo falar para quem que vir é se perguntar o real motivo para a mudança? Como está sua vida no Brasil? Está bem alicerçada? Financeiramente, socialmente. Lembre-se que para buscar o exercício da Odontologia nos EUA será necessário dedicar pelo menos 2 anos de período integral de estudo e dedicação exclusiva para esta tarefa. Considere a vida que você tem hoje e o que virá pela frente. Se para você realmente valer a pena, prossiga. Se você não tem nada a perder, saia e não olhe para trás.
2) Provas são parte do processo. Sim. Provas escritas, práticas e aquelas que a vida nos dá simplesmente para que melhore nosso caráter e nos faça pessoas melhores. Alguns programas de Residência não exigem as provas (hoje única prova) dos Boards para iniciar seus estudos dentro de uma instituição de ensino, mas lembre-se que todo - TODO - Dentista que trabalha em consultório particular foi aprovado neste teste de conhecimento gerais e específicos dentro da Odontologia. De que maneira um estrangeiro pode pensar em se igualar com os demais dentistas locais sem ter passado pelas mesmas provas? Não pense que com você será diferente. Para ingressar na prática privada nos EUA, você terá que ser aprovado neste exame.
3) Além do exame de conhecimentos gerais e específicos, aqui nos Estados Unidos os Dentistas são testados na sua habilidade manual. Para saber se a pessoa será capaz de exercer a atividade sem comprometer a saúde da população, todos os Dentistas Americanos passam por uma prova prática. Endodontia, Prótese, Periodontia e Dentística. Também, não tem como ingressar na prática privada sem que se obtenha o resultado positivo deste exame. É preciso fazer o atendimento de pacientes nas áreas de Dentística e Periodontia e trabalho em manequins em Endodontia e Prótese.
4) O inglês é fundamental. Parece uma coisa óbvia, mas eu já conversei com gente que disse querer vir morar nos EUA e ser Dentista por aqui, dizendo que não falava um “a” em inglês. Ainda que nos Estados Unidos não exista uma língua oficial, por convenção, o Inglês é o que se mais fala por aqui. Para que você compreenda e se faça compreendido, a prova do TOEFL - Test of English as a Foreign Language - é absolutamente necessária para se ingressar nos programas de Validação do Diploma e Residência. Quem estará aceitando sua posição como aluno quer saber a partir de uma terceira parte se você será capaz de se comunicar eficientemente e se fazer compreender pelos seus interlocutores. É só isso.
Viver nos EUA pode parecer uma coisa muito grande de ser alcançada. De fato, não é tarefa fácil deixar tudo para trás e reiniciar e vida em um país novo, com idioma diferente, cultura diferente e sem ter uma perspectiva clara do que está por vir. Mas é preciso plantar diariamente aquilo que se quer colher no futuro. Um dia de cada vez, tendo sempre em mente que o que passou, já ficou para trás e nada daquilo que você viveu irá ficar no esquecimento. Por isso, plante palavras de afirmação e não dúvida. Não crie intrigas, pois elas são como um novelo no seu caminho e uma hora você certamente irá tropeçar e cair. Ajude quem precisar de ajuda e peça ajuda quando você precisar. Ao contrário do que a gente vive no Brasil onde o sucesso é visto como ofensa pelas pessoas, aqui nos Estados Unidos o seu sucesso é celebrado. Sorria com quem sorri e chorem com quem chora. Desenvolva o seu sentimento de empatia e sempre se faça presente nos bons e maus momentos daqueles que estão à sua volta.
Viva um dia de cada vez, busque auxílio para conquistar seus objetivos e sempre manifeste a sua gratidão àqueles que te ajudam. Não custa nada e isso cria um laço de confiança muito forte entre você e as pessoas ao seu redor.
Um abraço e sucesso sempre.
