Melhor que ontem
Muita coisa acabou mudando dentro da prática Odontológica no mundo inteiro depois deste sério problema propagado por conta da pandemia declarada do COVID 19. O número de pessoas atendidas por dia diminuiu, salas de espera vazias, pacientes aguardando dentro de seus carros para serem chamados para a consulta, aferição de temperatura antes do atendimento, criação de políticas de biossegurança até então nunca consideradas, equipamento de proteção individual, purificadores de ar, aspiradores com filtragem de ar, respiradores, escudo facial e por ai vai.
Quando se tem um ambiente de trabalho que se preocupa com o paciente e com o Dentista a coisa fica um pouco mais difícil, mas ainda é possível trabalhar com segurança. Eu me lembro quando comecei minha vida profissional no final dos anos 90. Eu estava trabalhando com jaleco, luva e máscara em uma sala sem ar condicionado. Eu me lembro perfeitamente, enquanto atendia uma menina de oito anos, sentir o suor escorrendo de dentro da minha luva pelo meu braço. Se fosse hoje em dia eu não sei como seria. Aliás... eu até faço uma idéia, mas o serviço de emergência provavelmente estaria envolvido.
Dentre as mudanças que aconteceram este ano por conta da pandemia foi a instalação de um sistema de luz ultravioleta nos dutos de ar condicionado do Community Health Center onde eu trabalho. Um investimento altíssimo, porque não foi somente em uma localização que isso aconteceu. Foram quatro sites que receberam este investimento para que o ar respirado ali fosse tão limpo quanto o de um centro cirúrgico.
O processo é bem interessante e mais simples do que parece. Os dutos de ar condicionado não funcionam como nos filmes onde você pode passar por eles para poder fugir de um ataque terrorista. Eles são bem menores e tem um sistema de entrada e saída de ar onde circula pela sala. Neste circuito de ar são instalados equipamentos de emissão de raios ultravioleta que tem a capacidade de eliminar mofo, fungo, bactérias, germes, vírus e outros patógenos.
Logo quando demos início às atividades no meio do mês de junho, tínhamos salas designadas exclusivamente para procedimentos que emitiam aerossol. Para isso, entende-se o uso de canetas de alta rotação ou aparelhos de profilaxia. Estas salas foram adaptadas com cortinas de plástico para que fosse possível impedir a proliferação de perdigotos para fora daquele ambiente. Após o tratamento estar concluído, aguardava-se quinze minutos para que houvesse a decantação do ar e assim a assepsia da sala pudesse ser feita. Hoje, com este sistema funcionando dentro dos dutos de ar condicionado, é possível trabalhar sem que haja a preocupação de se aguardar a decantação do ar e o período de espera para a limpeza da sala caiu para cinco minutos.
De tudo o que aprendemos durante a pandemia o que levamos é sempre o que vai nos ajudar de maneira mais eficiente a fazer e oferecer um tratamento mais eficaz e seguro para nossos pacientes. O investimento a ser feito neste período nem sempre pode estar ao alcance de todos, mas cabe a cada um de nós estar por dentro dos requisitos mínimos necessários para cumprir os requerimentos exigidos e ser capaz de trazer para os pacientes o ambiente mais seguro possível.
Vamos seguindo um dia de cada vez procurando sempre ser melhor do que fomos ontem.
Um abraço e sucesso sempre!