Reflexões Sobre o Passado: Lições de Resiliência e Crescimento
Tem umas coisas que a gente vê nos ambientes escolares que depois que a gente fica mais velho fica pensando e considerando tanto stresse por que a gente passou da primeira vez. É tudo tão desnecessário cultivar essa preocupação e ansiedade que a gente quase acaba perdendo o rumo e o sentido das coisas.
Meu terceiro ano na Faculdade aconteceu em 1996. De lá pra cá muita coisa mudou na minha vida e na sociedade. Pessoalmente falando eu perdi cabelos, cresci circunferencialmente e aprendi a adotar atitudes mais leves quando me deparava com situações inesperadas. Socialmente - e eu quero colocar aqui o ambiente acadêmico - muita coisa mudou aproximadamente uns 2 anos depois que eu sai da Faculdade em 1998.
Ainda naquele meu penúltimo ano minha classe foi vítima do sadismo de alguns poucos professores que já não estão mais no nosso meio. Sadismo vindo de cima não tem como lutar contra, a não ser que você não tenha nada a perder. Como aluno se sente sempre inferiorizado pela presença do professor, quando qualquer comentário, gesto ou atitude era dirigida a um aluno ou você se resignava, ou você dava risada - fazendo com que aquilo não tivesse te afetado - ou então respondia de frente. Eu tive a chance de passar cada uma destas fases.
A primeira - resignação - aconteceu quando eu perguntei para um professor como eu deveria agir para poder ser Dentista nos EUA. Ele disse ser impossivel e que eu nunca conseguiria tendo me formado no Brasil.
A segunda - dar risada - aconteceu quando eu vi que meu terceiro ano em Endodontia tinha sido jogado no lixo e eu iria fazer DP no quarto ano. O sádico professor da época me perguntou o motivo porque eu não tinha participado da aula teórica daquela tarde dizendo que aquilo iria comprometer minha nota final e que eu não conseguiria nota para fazer exame ou a prova de recuperação, sendo imediatamente reprovado. Como eu já sabia que era certa a minha presença na turma de Dependentes do próximo ano, eu olhei para ele, dei risada e deixei ele meio que sem entender que aquilo não mais me afetaria. Vale dizer aqui que ter feito aquela Dependência em Endodontia somente serviu para solidificar ainda mais o que eu aprendera no ano anterior, ajudou no exercício das atividades do meu ultimo ano e me deu a confiança necessária para encarar qualquer problema endodôntico que eu encontrei depois de formado. Em outras palavras, foi quase que como uma “pós-graduação”.
A resposta de frente aconteceu pouco depois que comecei a namorar minha atual esposa. Ela estava dois anos na minha frente quando começamos a namorar. Eu no segundo ano da faculdade e ela já prestes a deixar a Faculdade no seu ultimo ano. Nesta época tínhamos um professor de Periodontia que estava trabalhando no seu projeto de doutorado junto com um professor da area de ciências básicas. Os dois andavam sempre tão juntos que os rumores maldosos que corriam na época diziam que eles estavam quase que tendo um caso. Nenhum problema, cada um é cada um, mas você entende que os comentários corriam solto entre o alunos e era sempre motivo de burburinho.
Certo dia, eu cheguei mais cedo na clinica bem antes da aula começar. Os Professores estavam fazendo atendimento clinico com pacientes da pós-graduação. Eu estava com um pin do Mickey Mouse que minha namorada - agora esposa - tinha me dado. Eu estava com uma camisa branca e com o pin colocado próximo á gola do colarinho, onde eu não podia ver, mas ficava evidente para quem olhasse na minha direção. Eu cheguei antes para poder ver se a minha unidade de trabalho estava funcionando bem, uns tres ou quatro professores e professoras estavam trabalhando com seus pacientes e este Professor que estava caminhando para a chefia da Disciplina estava preenchendo alguns papeis ou lendo alguma documentação, não fazendo o atendimento clinico como os demais.
Eu cumprimentei a todos, olhei para ele cumprimentando-o também e continuei me dirigindo para a minha unidade, quando ele me chamou e disse:
Ô João! Que negócio é esse na sua camisa?
É um pin que eu ganhei da minha namorada.
Coisa de viado - ele disse já rindo.
É… mas não sou eu que levo a fama.
Quando eu disse isso, um dos professores que estavam atendendo deu uma gargalhada e não parou de rir até a hora que eu sai da clinica. Depois disto, alguns podem dizer que eu s implesmente cavei a minha própria cova para uma segunda Dependência no meu quarto ano, mas a brincadeira e gozação parou ali.
Preocupações com o dia a dia sempre vão acontecer. Altos e baixos, dias bons e dias ruins. O que vale no final das contas é saber como encarar esses momentos e não ter medo de se posicionar quando é necessário.
Um abraço e sucesso sempre!
