Pontos em Comum
O sonho de exercer a Odontologia nos Estados Unidos tem a sua origem em diversos fatores. Alguns sonham por sonhar mesmo, algo realmente idílico como quando se sonha ser capaz de voar. Outros almejam este objetivo sem ter muita informação sobre o assunto ou mesmo como ir sem saber como chegar. Longe de mim querer dar motivo ou criar qualquer desculpa para este último exemplo, uma vez que na atualidade só não obtém informação sobre qualquer assunto quem realmente não tiver a mínima vontade ou interesse em procurar. Sejamos simples: Se você quer ser Dentista nos Estados Unidos tudo o que você precisa fazer é realizar uma busca na internet, ler muito sobre tudo o que se tem sobre o assunto, assistir a vídeos e levantar toda a informação necessária para chegar lá.
Eu já recebi e-mails com muitos motivos do porquê o desejo de mudar de país. Infelizmente a esmagadora maioria tem como motivo a questão da segurança pública. Creio que eu mesmo já tenha mencionado ter sido assaltado dentro do consultório com um revólver calibre 38 apontado diretamente para mim. Não digo que este tenha sido o principal motivo para eu me mudar, mas confesso que foi a melhor coisa que eu fiz. Seja por segurança ou reconhecimento profissional, oportunidade ou até mesmo um sonho de infância o que é importante é saber que a possibilidade é real, exequível e libertadora. Vale dizer ainda que por mais possibilidades que existam – 9 opções para ter o Diploma reconhecido em solo americano – o que eu quero destacar aqui são os pontos em comum que este processo têm. Independentemente de qual opção a pessoa busque, pelo menos um deles fará parte deste processo.
1 – TOEFL: A prova de inglês do TOEFL é uma prova difícil, capiciosa e muito complicada. Não é para desmotivar ninguém, mas sinceramente eu acho difícil alguém sem qualquer experiência com o idioma inglês conseguir uma boa nota – 100 para cima – fazendo somente curso uma ou duas vezes por semana. Podem existir casos que isto aconteça, eu sei! Mas o que eu quero dizer é que para conseguir uma nota competitiva para este exame é preciso a conjunção de muitos fatores que se interligam um com o outro para que um bom resultado aconteça. Por exemplo: Não adianta saber vocabulário se não tiver uma conexão muito boa entre o que se pensa e o que se quer dizer. Também não adianta saber o que se quer dizer sem ter habilidade em digitar duas redações com no mínimo de 300 palavras. Ou mesmo ser capaz de compreender um diálogo entre duas pessoas e não conseguir prestar atenção nos detalhes e quando se é perguntado você percebe que se distraiu justamente no ponto da questão feita. Se eu posso dar uma sugestão para quem ainda vai se preparar para fazer esta prova? Faça muitos simulados. Muito mesmo. Eu não sei dizer se existem websites que ofereçam esta prova simulada, mas ao invés de pagar para fazer a prova e se ter uma idéia do que a prova consiste, faça simulados e chegue no dia da prova sabendo o que você vai ter pela frente. Treine muito com um cronômetro ao lado, porque durante a prova você tem um cronômetro em contagem regressiva mostrando o quanto tempo resta para aquela parte do exame. Desligue-se do mundo exterior e mergulhe de cabeça na preparação para este exame. Procure assuntos para redigir suas redações, chame alguém que conheça bem o idioma para poder fazer as correções necessárias e almeje uma nota alta, a maior possível.
2 – INBDE: A prova do Integrated National Board Dental Examiners chegou para tornar a chance de Dentistas graduados fora dos EUA conseguirem uma chance nos EUA. Sem querer desmerecer aqueles que passaram pelo NBDE parte I e II e como alguém que falhou miseravelmente em duas tentativas do NBDE parte I, a nova versão do exame que todo Dentista norte americano tem que passar realmente acabou dando uma chance maior para quem busca o seu lugar ao sol. Como disse, não quero desmerecer quem passou pelas duas fases que existia anteriormente. Na verdade, eu tenho um respeito muito grande por quem passou pelos dois exames, porque eles não eram nada fáceis. A parte I, por exemplo, tinha tanto assunto que quase nunca era abordado no dia a dia da vida clínica que conseguir memorizar tanta informação requeria um nível de estudo e concentração para tal que somente poucas pessoas têm. Para complicar ainda mais o caso, até 2011 os candidatos eram selecionados para os programas tendo a sua nota no NBDE parte I e II como critério de avaliação. A nota mínima para ser aprovado era 75 e as notas de candidatos selecionados variava entre 95 e 98, numa contagem de 0 a 100. Então, não adiantava pular de alegria com o recebimento de uma carta com a sua nota dizendo que você foi aprovado no exame se a sua nota fosse 75, 80 ou mesmo 85 – que são notas excelentes. Se sua nota não fosse no mínimo 90 este resultado era descartado, novas horas de estudo pela frente e outra taxa para pagar pela execução de outro exame... Depois de 2011 quando o critério de nota foi abolido o PASS e FAIL acabou nivelando todo mundo que alcançasse a nota mínima 75. Mais ainda, o INBDE cortou em cerca de 400 questões e 1 dia de prova quando comparado com as duas fases anteriores onde o NBDE parte I era composto por 400 questões e o NBDE parte II outras 400 questões no primeiro dia mais 100 questões no segundo.
3 – Exames ADEX (American Board of Dental Examiners) – A ADEX é uma agência de desenvolvimento de testes, servindo seus conselhos odontológicos membros no desenvolvimento de exames de licenciamento iniciais válidos e confiáveis para profissionais de odontologia. Esta agência é responsável pelo desenvolvimento de exames de licenciamento iniciais válidos e confiáveis para todos os profissionais de odontologia. A idéia principal é que a Odontologia não seja diferente em uma parte do país do que outra. Eles creem que não deva haver diferença nos padrões de odontologia de uma parte do país para outra. A ADEX dedica-se a desenvolver exames nacionais uniformes de licenciamento clínico odontológico para uso exclusivo dos Conselhos de Odontologia. Para ficar um pouco mais claro, estes exames têm a idéia similar que a prova da Ordem dos Advogados do Brasil oferece aos futuros advogados brasileiros. Não adianta passar cinco anos estudando leis e não ser aprovado no exame da OAB. Sem esta aprovação o advogado não advoga. Aqui nos Estados Unidos, quem não é aprovado no exame ADEX também não pode exercer a Odontologia. Esta prova consiste de duas fases bem distintas entre si. A primeira é a prova de conhecimento teórico, muito similar ao que o candidato encontra na prova do INBDE. São 150 questões de múltipla escolha onde 30 são para avaliação de pacientes, 60 sobre o assunto plano de tratamento e 60 questões em periodontia, prótese e gerenciamento de pacientes. A segunda prova consiste na parte prática, onde depois do COVID, todo o trabalho é feito em manequins. Endodontia – 1 tratamento de canal completo em um incisivo central superior direito e uma cirurgia de acesso no primeiro molar superior direito, Periodontia – raspagem e aplainamento radicular, Prótese – preparo de coroa de porcelana no incisivo central superior esquerdo e preparo de prótese parcial fixa entre o segundo pré-molar inferior esquerdo e segundo molar inferior esquerdo e, finalmente Dentística com preparo Classe II para amálgama ou resina e preparo e restauração Classe III.
Invariavelmente um destes 3 itens fará parte daqueles que buscam exercer a Odontologia nos EUA. Não quero desmotivar ninguém, nem tão pouco sugerir uma dificuldade intransponível. Seria muito fácil simplesmente fazer a tradução de toda documentação e dizer ser Dentista aqui nos Estados Unidos. Hoje eu entendo que a necessidade de trilhar este longo caminho serve para a proteção dos pacientes e da própria Odontologia. O que eles querem são Dentistas capacitados a trazer o melhor para a população e ser aprovado nestes quesitos irá mostrar não somente para os Conselhos Regionais que você tem a qualificação necessária para trabalhar, mas também mostra para a comunidade local que você tem o mínimo esperado para ser o exemplo de membro da sociedade que eles procuram.
Um abraço e sucesso sempre.