Dr. João Antonio Costa

Olá!

Bem vindo ao nosso blog. Aqui eu conto um pouco sobre minhas experiências dentro da Odontologia nos EUA e o Processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA e minha jornada dentro da Boston University Henry M. Goldman School of Dental Medicine.

Espero que você aprenda bastante!

Autenticidade parte II

Autenticidade parte II

            Nos anos sessenta houve uma demanda judicial entre o Estado do Arizona e um homem chamado Ernesto Miranda que fora acusado de estupro. Um resumo da história foi que ele acabou sendo preso mesmo não tendo sido reconhecido pela vítima e porque ele não sabia do direito que ele tinha de não falar nada sem que estivesse na presença de um advogado. Um grupo de ativistas civis entrou com um recurso dizendo que a confissão dada foi falsa e coagida e o acusado acabou sendo liberado. Ele acabou morrendo em uma briga de bar e o caso Estado do Arizona vs Miranda acabou estabelecendo o principio de que todo o suspeito tem o direito de permanecer em silêncio, tudo o que ele(a) disser por e será usado contra ele(a) no tribunal e que ele(a) tem o direito a um advogado.

            Tudo o que for dito pode e deve ser usado contra você no tribunal.

            Tudo o que você disser pode e será usado contra você.

            Não se engane. Nos Estados Unidos tudo o que você disser pode e será usado contra você um dia. Mas, sobre o que eu estou falando?

            Quando a gente chega em um país diferente do nosso, a gente quer procurar ser aceito de qualquer maneira. É muito difícil alguém falar que não está nem aí pelo que pensam. Quem chega em um novo país tem esse desejo imenso de ser aceito porque é uma necessidade que as pessoas têm. Não adianta. A gente não consegue simplesmente dizer que a vida está tudo bem quando não temos um retorno positivo sobre a nossa presença ali. Por conta disso, muitas vezes a gente acaba se abrindo muito para pessoas que a gente não conhece, contando pontos fracos da nossa personalidade para que as pessoas se solidarizem com a gente e possamos encontrar empatia por parte dos que nos cercam. E é aí que mora o perigo.

            Tome muito cuidado com o que você compartilha sobre a sua vida com pessoas que você não conhece. O Americano não pede para que você o faça e quando você o faz, é por puro interesse seu de ser aceito de maneira imediata. Essa aceitação que a gente procura desesperadamente advém da nossa necessidade de procurar um entrosamento mais rápido no meio onde a gente está inserido. Quando você fala abertamente dos seus pontos fracos, medos e anseios, tudo o que você compartilha acaba sendo registrado por parte daqueles com quem você fala e isso pode ser muito embaraçoso caso você acabe entrando em discussão e contendas e tendo seus pontos fracos explorados de maneira leviana por parte de quem você um dia desejou aproximação.

            Meu conselho é para que você não viva dentro de uma bolha, mas também não saia espalhando por aí informações pessoais de familiares a fim de que você seja aceito. As coisas devem acontecer de maneira simples e natural e este tipo de informação geralmente não é indagada por grande parte dos americanos e, mesmo quando seja, se você simplesmente disser que não se sente confortável compartilhando este tipo de informação, eles vão entender e não perguntar novamente. Eles entendem é porque eles também são assim. Se eles não respondem qualquer pergunta que lhes seja feita não é porque eles não gostam de você. É simplesmente porque eles não se sentem confiantes em compartilhar assuntos pessoais com você. Com o devido tempo e confiança obtida os americanos são muito atenciosos e abertos.

            No seu processo de mudança para os Estados Unidos traga com você a certeza de uma grande possibilidade de melhora na sua vida. Procure participar de eventos onde você possa conhecer pessoas e fazer amizades, mas procure manter em sigilo informações pessoais. Ninguem vai gostar mais de você sabendo que você gosta ou não gosta disso ou daquilo, ou que seus pais passaram por este ou aquele problema, ou que você mesmo tenha vivido uma experiência traumática na sua vida. Seja você mesmo. É isso que eles querem de você. Autenticidade.

            Um abraço e sucesso sempre!

Processo de Seleção

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Calibração Cultural - Parte II

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