Fluência Não é Necessária
Aos onze anos fui introduzido a uma nova matéria na escola. Novos livros, aulas com slides – você sabe o que é um slide? – em salas diferentes das que geralmente estávamos, livros especiais para fazer tarefa e uma professora que se destacaria das demais por criar do zero uma linha de trabalho totalmente fora do contexto acadêmico: Guia de Turismo. Pode parecer difícil fazer a associação entre estas duas atividades, mas esta professora de Inglês conseguiu criar uma das mais bem-sucedidas agências de viagem na região do Vale do Paraíba. Depois de alguns anos ela deixou o magistério para se dedicar integralmente ao turismo.
Com o passar dos anos eu comecei a perceber uma tendência por parte dela de conseguir clientes por parte dos seus alunos promovendo seus pacotes de viagens para a Disney entre os alunos. Meus olhos cresceram... eu poderia matar dois coelhos com uma cajadada só: Visitar os EUA e conhecer a Disney. Infelizmente isso não foi possível. Entre o meu primeiro contato com o solo americano e a famosa fotografia com Mickey Mouse houve um hiato de mais de 10 anos. Tudo na vida tem o seu devido tempo. Lembre-se sempre disto.
As aulas de inglês para crianças de onze anos restringiam-se basicamente a passar os slides das aulas em uma sala escura, controlar a hiperatividade de certos alunos e passar a tarefa para a próxima aula. Não dá para querer que todos os alunos se mantenham calados e prestando atenção a histórias narradas através de fita K7 (já viu alguma?) e um projetor de slides que volta e meia não funcionava corretamente. Mas já com esta idade eu comecei a ter uma breve noção do que e como o idioma anglo saxão poderia ter de influência na minha vida. Até então eu não tinha idéia de que eu gostaria de morar nos EUA. Para mim era mais aquela vontade de somente ir conhecer. Eu achava que tinha mais direito que meus outros dois irmãos, mas isso foi prontamente desmantelado através de uma simples conversa com meus pais. Como todo bom adolescente eu mantive a minha insubordinação por um bom tempo até que em determinado momento tudo passou.
Aprender inglês é o mínimo necessário para quem quer buscar qualquer coisa nos Estados Unidos. Não se deixe enganar. O que pode parecer besteira, de maneira nenhuma o é. Saber se comunicar e se expressar em inglês é o que separa os aventureiros dos que levam realmente a sério esta busca. Eu creio que já tenha contado aqui a história de uma Endodontista que foi acompanhar uma paciente brasileira que eu tive. A Dentista disse que estava visitando e que tinha ficado encantada com tudo o que eu vira até ali. Conversamos por quase 20 minutos onde eu contei um pouco da minha experiência e de como chegara até ali. Seus olhos cresciam, as sobrancelhas pulavam acima de seus olhos com cada detalhe que eu descrevia, até que em determinado momento ela confessou não ter qualquer conhecimento do idioma. Foi como um balde de água fria! Como aquela criatura poderia ter qualquer chance sem ao menos falar inglês? Somente aprendendo. E foi o que eu sugeri. Aprenda o idioma primeiro e depois me procure novamente para a gente conversar um pouco mais sobre o assunto.
Não deixe de buscar o que você deseja por conta de algo que você não domina. A comprovação do mínimo de inglês necessário é conseguido através da prova do TOEFL. Não pense que você necessita ser fluente em inglês para aplicar para um programa de AEGD, GPR ou ASP. Em momento nenhum os programas exigem fluência. O que eles querem é a comprovação de uma empresa especializada no assunto de que aquele candidato irá ter condições de se comunicar e compreender as aulas e seminários que farão parte do programa. Fluência não é necessária. Força de vontade é fundamental. Não desista!
Um abraço e sucesso sempre!