Seja Você

Quando eu fiz 18 anos eu soube que uma tia minha mudaria para os Estados Unidos por conta do trabalho do meu tio. Lá no fundo, confesso, fiquei com inveja. Não poderia ser diferente. Por tanto tempo eu desejei viajar para os EUA e agora eu tinha a notícia de que dois dos meus primos viveriam sabe-se lá quanto tempo nos EUA. Para eles foi muito bom. Meu tio teve um “push” interessante na sua carreira, eu me aproximei mais da minha tia por causa de cartas que eu mandava para ela e meus primos tiveram contato com o estilo de vida norte-americano e uma nova cultura.

            Uma nova cultura... o que isto significa? Acho que a princípio significa saber que você não vive mais onde você vivia anteriormente. Eu não sou antropólogo ou sociólogo ou mesmo filósofo para definir cultura. Nem vou me atrever a fazê-lo. Mas o que eu quero dizer é que sair da sua casa, do seu canto e da sua rotina para fazer a vida em outro país requer uma cabeça aberta para aprender e se moldar de acordo com os hábitos e costumes locais.

            Mas até ai tudo bem. Vamos dizer: Não emendar feriados, tudo bem. Pode ser um pouco frustrante, mas vai tranquilo. Ver as pessoas saindo do seu caminho no passeio no parque para jogar o lixo em uma lixeira pode ser surpreendente, mas é o mínimo a ser feito. Hábitos e costumes... Hábitos e costumes... Mas uma coisa difícil de conseguir mudar dentro da nossa cabeça são os valores que os americanos colocam em coisas que para os brasileiros é totalmente impensado.

            Uma das perguntas que me fazem sobre o processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA é a questão das notas. “Não tenho notas boas para mostrar”, ou “Não era o melhor aluno da classe”. Veja bem: Eu – eu mesmo – entendo muito bem o que as pessoas estão falando e estão com receio, mas a forma como os futuros candidatos a programas de Odontologia são vistos aqui nos EUA é completamente diferente de como candidatos a programas em qualquer área são vistos no Brasil. Notas em escola são somente uma parte dentro de um processo seletivo muito bem elaborado.

            No momento que você envia seus documentos para apreciação, uma parte destes documentos são sim suas notas, mas elas em momento algum irá ter peso maior do que os demais quesitos. Vamos lá: 1) Carta de intenção - onde o candidato irá contar quem ele(a) é, quais os motivos que os levaram a procurar aquele programa e o que eles têm de diferente, algo que fizeram, fazem ou podem coloca-los em destaque junto aos demais candidatos. 2) Cartas de referência – terceiras pessoas com quem você trabalhou ou trabalha que irão contar seus pontos de vista sobre a sua personalidade. Os avaliadores querem saber quem você é. Como você se comporta em momentos de pressão e stress. Quais as suas qualidades profissionais e pessoais que irão te destacar durante o seu programa. 3) Entrevista – No momento que você é chamado para entrevista você irá ser abordado não somente pela equipe de seleção, mas irá também, ter contato com alunos e por vezes alguns professores durante o seu dia de entrevista. Geralmente este dia é dedicado para uma visita ao Campus da Universidade e ali você tem contato com o pessoal que está participando do programa. Este contato é importantíssimo, porque estas pessoas irão reportar ao comitê de seleção a impressão que eles tiveram sobre você. São como espiões...

            É impossível dizer quem vai ser escolhido para este ou aquele programa. O que irá te fazer ingressar será a sua originalidade e personalidade. Seja você mesmo(a) e siga sempre em frente.

            Um abraço e sucesso sempre!