Liderança e Gerência
Recentemente venho passando por um processo muito intenso de aprendizado. Aquele tipo de aprendizado que somente a vida nos concede. Também há aquele aprendizado que a gente pede para que nos ensinem. No nosso dia a dia podemos fazê-lo através de Seminários, cursos ou programas de aprendizado. Mas tudo geralmente tem um preço. Esses cursos e seminários podem muitas vezes serem pagos pela empresa ou mesmo pela gente mesmo. Alguns pagam para poder aprender de maneira mais rápida, promovendo seu perfil pró-ativo e procurando estar um passo a frente dos outros.
Meu tipo de aprendizado acabou sendo aquele que não houve uma despesa financeira per se. Não precisei investir dinheiro ou qualquer outro recurso, mas ainda assim, o preço acaba sendo um pouto alto.
Se eu não gastei dinheiro com isso, o que foi usado? No meu caso, tem sido um pouco de paciência, tempo, meditação no que se falou, no que se fala e no que irá se falar. Acaba sendo um investimento de tempo, tentativa e erro, muito tempo para ouvir, pouco tempo pra falar e muita paciência.
Eu descobri que me interessava pelo assunto ainda no ultimo ano da Faculdade. Nossas primeiras aulas de Odontopediatria foram voltadas para o estudo de psicologia elaborado por Eric Berne. A Análise Transacional. Eu aprendi muito com meus professores. Procurei livros, e achei uma coisa interessantíssima essa área da psicologia onde é possível analisar as interações interpessoais e conseguir compreender os níveis de comunicação que existem entre as pessoas.
Da Análise Transacional tirei informações sobre os níveis de interação que existem entre as pessoas, procurei entender sobre os jogos da vida e um pouco sobre o velho ditado que diz que é melhor ouvir do que falar.
Depois disso, veio a ideia de liderança. Consumi tudo o que eu pude sobre o assunto, lendo muita coisa interessante escrita por John Maxwell e o que eu aprendi foi que o Líder é alguém que anda junto com as pessoas. Está a frente de uma situação, sabe estimular e guiar as pessoas. O líder assume os erros e procura orientar seus liderados. Não é um déspota ou alguém acima de ninguém ao seu lado. Mas eu achei que tinha aprendido tudo e a linha de aprendizado sobre o assunto estaria sendo sempre seguida na mesma direção.
Fui então apresentado para o papel de gerente. E isso realmente me deixou com as calças na mão. Ainda que as palavras soem diferentes, o líder e o gerente são pessoas com atitudes e atributos completamente diferentes. Certa manhã eu acordei e tive um insight. Liderança e gerenciamento são duas faces da mesma moeda.
Se por um lado o líder ouve e orienta, o gerente exige e quer resultado. Não que um líder não necessite de resultados, mas o gerente é aquele que realmente vai estar em cima da turma para ver as coisas acontecerem. O líder vai estar respondendo a frente da direção e o gerente irá fazer as coisas acontecerem nos bastidores. O líder irá estabelecer metas e o gerente irá fazê-las com que sejam cumpridas.
Entre muitos autores no mundo corporativo, uma pessoa que sempre me chamou a atenção foi Max Gheringer. Talvez pelo seu bom humor e habilidade de transmitir de maneira eficiente suas mensagens, eu pensei em procurar alguma coisa dita por ele sobre o assunto. Encontrei um texto escrito por ele que diz o seguinte:
“O que é ser gerente?
Ser gerente é ser exigente.
As pessoas acham que dá para deixar tudo para depois. O gerente é o responsável pelo cumprimento dos prazos.
Ser gerente é ser paciente.
Mesmo sendo inflexível na hora de cobrar, o gerente tem que saber explicar pra cada pessoa o que se espera dela, e fazê-la repetir o que ouviu, para ter certeza que ela entendeu. Gerentes que só dão meia explicação recebem desculpas inteiras.
Ser gerente é ser competente.
Ele é o modelo técnico das pessoas. Se o gerente souber menos que as pessoas, falar mais alto que elas, não vai gerar respeito. Vai gerar insatisfação.
Ser gerente é ser producente.
Ele trabalha mais horas que as pessoas.
Ser gerente é ser vidente.
Ele deve perceber que algo está errado, mesmo sem ter todos os dados, e consertar a situação antes que ela saia de controle.
Ser gerente é ser coerente.
Se ele fala cada dia uma coisa e vive desdizendo o que disse, só vai ganhar desconfiança.
Ser gerente é ser valente.
Ele deve defender as pessoas que trabalham com ele.
Ser gerente é ser decente.
Ele não pode nem fomentar, nem ignorar intrigas.
Ser gerente é ser semente.
O bom gerente é o que forma futuros gerentes.
Finalmente, ser gerente é ser gente.
Ele não deve imaginar que o seu título de superior hierárquico vai torná-lo melhor que as pessoas que trabalham com ele. O erro mais comum de um gerente recém-promovido é permitir que o cargo lhe suba à cabeça.
Ser gerente é muita coisa que rima, mas ser gerente não é ser onipotente.”
Max Gheringer