Dr. João Antonio Costa

Olá!

Bem vindo ao nosso blog. Aqui eu conto um pouco sobre minhas experiências dentro da Odontologia nos EUA e o Processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA e minha jornada dentro da Boston University Henry M. Goldman School of Dental Medicine.

Espero que você aprenda bastante!

O que eu não quero

O que eu não quero

Os seis primeiros meses do programa Advanced Standing na Boston University passaram voando. Ainda que eu soubesse que isso aconteceria, ter vivenciado este primeiro semestre dentro desta instituição me ajudou a entender um pouco mais sobre o que eu quero para minha vida no futuro e o que eu absolutamente não quero para minha vida.

Vamos começar pelo que eu não quero: 

1) Eu não quero ser professor em Faculdade de Odontologia aqui nos Estados Unidos. 

Por mais sedutor que possa parecer viver dentro do ambiente acadêmico norte-americano, eu acho que não teria estômago e paciência para lidar com a politicagem, dificuldade e insensatez que muitas vezes assombram a vida dos que se dedicam a esta função. Eles têm a minha maior admiração com certeza, mas nem de longe eu teria a disponibilidade emocional e intelectual que eles apresentam quando se trata de lidar com aluno, o ego dos colegas e a politicagem envolvida. 

2) Eu não quero fazer Residência em qualquer área de especialidade.

Ainda que a busca por uma posicão como Residente na University of North Carolina tenha me levado até la para conhecer o programa, me levou até Houston, TX para tentar garimpar  uma vaga por lá, hoje eu entendo que a dedicação exclusiva à uma área específica limitaria muito a minha habilidade de exercer a minha atividade profissional. Tem sim suas vantagens, como não precisar se preocupar com mais nada dentro do dia a dia, mas a estiqueta de Especialista aqui nos EUA te coloca em um patamar muito superior dos demais profissionais. Eu entendo que se eu for capaz de fazer os procedimentos básicos de maneira correta e conhecer os meus limites clínicos eu vou ter condições de fazer uma selecão de casos muito mais apropriado e indicar aquilo que eu realmente reconheço não ser capaz de fazer.

3) Eu não quero voltar para onde eu estava.

A gente vive a vida para continuar seguindo em frente. Eu dediquei um bom tempo da minha vida profissional fazendo o atendimento em um Centro de Saúde Comunitário. De longe, uma das melhores experiências profissionais que eu já tive. Imagine você sair de um lugar onde você precisava fazer tudo. Do agendamento à limpeza do chão e do banheiro onde você trabalhava. Compra de material, limpeza e esterilização. Daí um dia você começa a trabalhar em um lugar onde tudo o que você precisa fazer é simplesmente chegar para trabalhar para fazer o que você estudou tão arduamente. Você tem os instrumentos entregues na sua mão, tem os raios-X obtidos de maneira correta, o material necessário para trabalhar e uma agenda cheia para ser cumprida. Mas… você começa a se sentir estagnado sabendo que as chances de crescimento estão obliteradas pela falta de um documento emitido por uma instituição de ensino local. O trabalho que eu realizei nos últimos quinze anos vai ficar para sempre na minha memória de na vida daqueles que eu tive o privilégio de atender. Agora o que eu preciso é expandir os meus horizontes e realmente conhecer uma Odontologia mais completa, rica e que irá oferecer o reconhecimento nacional em solo Americano.

4) Eu não quero ficar estagnado.

A zona de conforto que o trabalho no Community Health Center criou ao meu redor era muito grande. Eu tinha trabalho para o resto da vida - se eu assim desejasse. Tinha o reconhecimento dos pacientes, da gerência e colegas. Mas… a impossibilidade de crescer começou a me perturbar. Por muitos anos eu dizia que eu não via vantagem em deixar o que eu estava fazendo para buscar o trabalho em consultorio particular. Eu dizia que eu queria ser aprovado no NBDE parte I e II - e depois o INBDE - para simplesmente provar para mim mesmo que eu era capaz de chegar aonde todos os Dentistas Americanos tinham chegado, sem que eu tivesse que ter um Diploma emitido em uma Universidade Americana. Não foi o sufciente. No momento em que a minha aprovação chegou eu sabia que se eu ficasse ali onde eu estava eu estaria desperdiçando minha vida, me auto limitando por um orgulho sem sentido e, quem sabe até, o medo do desconhecido. Ter quebrado esta “bolha” e saído da zona de conforto onde eu estava me ajudou a expandir o meu campo de visão, estabelecer novas metas e buscar novos objetivos.

Estou há alguns meses distante da minha graduação. Dizem que o pior do curso está para chegar. Pior em que sentido? Assim como a beleza estå nos olhos de quem vê, as dificuldades estão nos olhos de quem só as enxerga. Eu não aceito a idéia de me queixar do “quão dificil o programa é”.  Todos os que estão ali comigo sabiam que não seria fácil, então o negócio é arregaçar as mangas e partir para cima. Esses meses que faltam para o final em breve passarão e daí novos desafios aparecerão.

Um abraço e sucesso sempre!

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