Plano B
Em 2009 Hollywood lançou um filme muito interessante. Código de Conduta (Law Abiding Citizen) conta a história de um pai de família que tem sua família cruelmente assassinada por dois criminosos. O protagonista (anti-herói no filme) sobrevive, vê os dois assassinos de sua esposa e filha serem presos, julgados e, por conta de tecnicalidades, são soltos. Ele, então, deixa o mundo onde ele vivia e desaparece para dali alguns anos retornar para poder se vingar de todos os envolvidos na liberação dos dois criminosos. Ele vai atrás dos dois assassinos (matando-os com requintes de crueldade), a juíza que os liberou e eu vou parar por aqui.
Mas o que eu gostaria de trazer à tona é uma coisa que é dita durante a investigação para encontrar o anti-herói. Ninguém entende como é possível tanta gente morrer se o principal suspeito pelas mortes está preso. Encontra-se, então, um antigo conhecido do protagonista que trabalhara com ele anos atrás. Neste momento, entendemos que ele tinha como profissão ser um estrategista. Tudo o que ele fazia ele já tinha pensado centenas de vezes. Ele sempre estava a vários passos a frente de todos, tendo tudo minuciosamente planejado com todas as alternativas traçadas e preparadas para que tudo acontecesse da maneira como ele queria.
Ter um plano B na sua vida pode fazer a diferença entre alcançar seu objetivo ou não. Muita gente entra em contato comigo através do blog www.drjackcosta.com dizendo que o sonho da vida é trabalhar e viver nos Estados Unidos. Sim, eu entendo isso muito bem porque eu também já estive lá. Mas lembre-se que existe uma grande distancia entre sonhar e alcançar o que se sonha. Muita gente diz ter uma atividade dentro da Odontologia rentável, com estilo de vida confortável e ainda assim quer deixar tudo para viver nos Estados Unidos.
Primeira coisa que eu quero deixar frisado: Eu nunca vou incentivar ninguém a trocar o certo pelo duvidoso. Vou contar uma história:
Nos idos do inicio do século eu vivia entre este “sonho” de mudar para os EUA e meu trabalho no consultório que dividia com minha esposa. Eu tinha uma cadeira da Gnatus que comprara de segunda mão e a possibilidade de vende-la para comparar uma passagem para os EUA. Era jovem... recém-casado... sem saber nada da vida..., mas eu tinha um plano! Se eu trabalhasse duro, atendendo todos os dias com todos os horários cheios, não recebesse calote e guardasse dinheiro por pelo menos 3 meses, eu conseguiria juntar um bom dinheiro para poder viajar. Eu não queria vender a cadeira – no final ela foi embora e o dinheiro também... para pagar contas... – mas sabia que se eu conseguisse seguir este plano tudo aconteceria da maneira como eu estava planejando. E eu não tinha para onde ir nos EUA. Eu só sabia que eu ia... para onde, ninguém sabia...
Tendo este plano preparado, fui buscar apoio junto àqueles que mais nos oferecem apoio na vida: Nossos pais. No caso, meus pais. Na época meu pai estava desenvolvendo um projeto nos EUA e minha mãe estava com ele. Ah... tudo bem... quem mais no mundo para nos dar apoio e aquele empurrão que a gente precisa? Liguei para meu pai – pagando interurbano internacional – e contei meu plano para ele. Estava certo da minha decisão e sabia que aquele plano não falharia.
Ah... meu querido pai... eu acho que consigo ver ele segurando o telefone com uma mão e a outra apoiando a cabeça só ouvindo o que eu estava falando. Quando eu terminei ele falou: “Filho, vou te fazer uma pergunta, mas eu não quero que você fique bravo comigo.” Hm... geralmente era o contrário que acontecia... eu disse: “Claro! Pode perguntar.” E veio: “Se você conseguir ganhar este dinheiro para poder viajar, porque você vai deixar o Brasil?”
Bom... eu fiquei mudo porque eu realmente não tinha pensado nisto. E ele tinha toda a razão. Se eu estava me planejando para deixar o Brasil para poder trabalhar para ter mais dinheiro, porque eu sairia do Brasil ganhando dinheiro mais que suficiente para poder viver somente para comprar uma passagem de avião mais recurso para viver somente por uns 2 meses fora? Eu sei que ele vai ler e vai se lembrar deste episodio.
O que eu quero dizer é que se você tem uma vida bem estabelecida no Brasil, não troque o certo pelo duvidoso. Se você for fazê-lo tenha certeza de ter um plano B caso as coisas não aconteçam do modo como você desejou. Pelo menos inicialmente. Busque seu sonho de exercer a Odontologia nos EUA, não quero que ninguém deixe este sonho de lado. O que eu quero dizer é: Planeje alternativas para sua vida – e sua família. Aceite trabalhar como Dental Assistant, Dental Hygienist – onde for possível – pintura, carpintaria, vendas, construção, representante comercial. Venha para os EUA com a cabeça e o coração abertos para novas experiências. Não se deixe levar pela emoção ou a impressão de que seus problemas vão se resolver quando você chegar nos EUA. Converse com um advogado especializado em imigração. Peça ajuda e orientação de quem já passou pelo processo e entregue a Deus os seus planos. Isso não é fazer proselitismo. É fato.
Um abraço e sucesso sempre!