Hábitos e Costumes
A gente acaba aprendendo muita coisa quando vivemos fora do nosso pais de origem. Acho que uma das primeiras coisas que cada um de nós deve fazer quando decide imigrar para um pais diferente é procurar se inteirar sobre a cultura local. Os gostos, gestos e sabores do novo local em que se vai morar. Acima de tudo, procurar manter um “low profile” até que se consiga aclimatar completamente ao novo ambiente.
Vivendo já há mais de 9 anos nos EUA, eu ouso dizer que muito da cultura local acabou tomando conta da minha personalidade. Uma delas é a distancia que as pessoas mantem uma das outras. Existe muito respeito entre as pessoas, mas os americanos estão muito longe de serem expansivos como os Brasileiros que abraçam, beijam e que bem as vezes não tem muita noção de distância.
Estender a mão para cumprimentar as pessoas é o necessário. Para chegar e beijar o rosto de uma outra pessoa tem que se ter muita intimidade com esta outra pessoa. Serem amigos de longa data ou muita coisa em comum.
Muito se ouve de pessoas que dizem que foram maltratadas ou esnobadas por americanos. Durante estes anos aqui nos Estados Unidos, posso dizer que me senti assim somente uma única vez por conta de uma paciente, nos seus 80 anos com e história de demência. Ela perguntou onde eu havia me graduado e quando disse que tinha sido no Brasil ela virou os olhos e pediu para ser vista por outro Dentista que tinha visto ela anteriormente.
Não vou dizer que não incomoda. Sinceramente, achei até melhor não vê-la mais como paciente, porque uma coisa importantíssima que deve existir entre esta relação Dentista/paciente é um bom primeiro contato. Se esta interação é bem-sucedida no inicio, a chance de se obter êxito no final é bem maior.
Uma coisa que aprendi nestes anos trabalhando aqui nos EUA como Dentista em um Community Health Center nesta questão da relação entre o Dentista e o paciente é que, ao final da consulta, o paciente pergunta pelo seu nome antes de deixar o consultório. Isso para mim é o selo de que o paciente realmente deseja se lembrar de você, mesmo que seja para pedir para marcar suas próximas consultas com você.
O oposto geralmente não acontece. Quando não existe aquela conexão entre o Dentista e o paciente, ambos querem que aquele momento acabe o mais rápido possível. Mesmo mantendo uma postura profissional, você sabe que não houve aquele “click”. O paciente deixa a cadeira sem perguntar seu nome e, ao chegar na recepção para marcar consulta, geralmente pede para não mais ser visto pelo Dentista que o viu.
Então, para trabalhar com Odontologia aqui nos EUA, a primeira coisa que eu sugiro é observar muito a região onde você deseja praticar. Conheça as pessoas, converse, ouça, aprenda como as pessoas se comportam e comece dai a planejar o seu futuro dentro da comunidade que você escolheu para você.