Conversa no Shopping Center
Eu já conheci varias pessoas que conheceram o blog, saíram do seu roteiro de viagem aos EUA e me deram o prazer de uma visita. Fosse no trabalho ou mesmo para um café, eu sempre fico feliz em poder conhecer gente interessada em mudar de vida. Fico, de fato, muito honrado pelas visitas e espero sempre pelo sucesso daqueles com quem eu converso.
O caminho não é fácil, todo mundo sabe e eu não me canso de dizer isso. Toda vez. Mas lembre-se que ser difícil não significa ser impossível. Se é impossível, então o que dizer de tantos brasileiros por aqui com seus próprios consultórios fazendo e acontecendo? Eu não parti para este lado porque realmente não me interessa ter meu nome em uma placa. As coisas podem mudar. Minha opinião pode mudar e meu desejo por ter um consultório próprio pode mudar também, mas por enquanto eu prefiro viver como estou.
Muito bem...
Essa semana que passou eu estava de férias. Uma semana tranquila, sem grandes movimentações... sai algumas tardes para ver o por do sol. Um frio de lascar, mas que foi muito bom porque eu acabei realmente me desvencilhando completamente do trabalho. É incrível o que uma semana não faz com a gente.
Esta semana de férias coincidiu com o grande feriado da Família nos EUA. O Thanksgiving. E logo depois deste feriado existe um dia muito procurado por consumidores e varejistas que é o chamado “Black Friday”. Ao contrario do que eu ouvi dizer no Brasil que o Black Friday lá é tudo pela metade do dobro, aqui parece que existem umas boas promoções para quem deseja uma televisão nova, vídeo games... O comércio realmente aproveita esse dia para faturar alto. E as pessoas a gastarem.
Nos últimos 3 anos essa semana do Black Friday eu vinha passando com familiares em Long Island. Sempre muito bom, muita comida e risadas a vontade, mas desta vez ficamos em casa e, para não ser diferente da grande maioria do pessoal por aqui, acabamos aterrissando no Mall – Shopping Center. O local estava entupido. E isso dava pra ver nas parcas vagas de estacionamento. Tudo cheio, muita gente andando de um lado pro outro, vendedores ocupados e muito marido – assim como eu – sentados nos bancos extras colocados pela gerencia nos corredores do Mall para os maridos que não tem paciência em acompanhar suas esposas.
Este ano foi muito bom porque eu tive a chance e o privilegio de conversar com um colega Dentista Brasileiros que vem lutando há tempos pela sua legalização aqui nos EUA. Eu não vou citar o nome dele, espero que vocês entendam, mas ele quando ler vai saber.
Esse rapaz, assim como eu, passou momentos difíceis no Brasil. Formado em Odontologia e sem qualquer noção de administração, acabou não se dando muito bem no consultório. Eu digo sempre que eu sou um péssimo administrador. Eu não sei nem montar nem um plano de negócios coisa que eu aprendi muito tempo depois de quebrar a cara varias vezes. Plano de negócio é o primeiro passo para qualquer coisa a ser feita em termos de comércio. Se você não sabe, procura se informar.
Eu tento muito ajudar esse rapaz. Um cara do bem. Esforçado demais, mas ele ainda está esbarrando na questão dos documentos de permanência definitiva. Sempre que existe uma oportunidade de contratação no trabalho ele é a primeira pessoa de quem me lembro. Um dia eu sei que vai dar certo!
Mas conversando com ele esta semana, falei com ele sobre uma possível alternativa caso a Odontologia não seja possível. Foi com muito afeto que eu falei isso e procurei mesmo ser bastante cuidadoso da forma de conversar por ele, porque eu não queria tirar qualquer esperança dele. E qual alternativa?
Existe uma grande demanda de mão de obra especializada aqui nos EUA. Um numero exorbitante de quase 6 milhões de vagas de emprego para profissionais especializados na construção civil. Eletricista, encanador, carpinteiro, ar-condicionado... áreas de grande demanda e com um pagamento muito bom. Para se ter uma idéia, um eletricista licenciado aqui pode chegar e receber mais de 100 dólares a hora de trabalho. Sabe o que é isso? É muito dinheiro. Mas, precisa fazer curso, provas, ganhar experiência, saber inglês, saber conversar com o cliente, negociar com distribuidores... o caminho também não é fácil.
Esses caminhos alternativos acabam se fundindo com o dia a dia daqueles que buscam uma recolocação profissional aqui nos EUA. Se não é possível trabalhar com a Odontologia logo que se chega – nem comigo aconteceu isso – a gente trabalha aonde aparece. A diferença é que o trabalho aqui nos EUA, por mais simples que se pareça tem um retorno e um reconhecimento que não existe no Brasil. As pessoas aqui empurram você para a frente. Eles querem te ver bem. Se você demonstra interesse, gana, força de vontade e se esforça para aprender as pessoas te levam junto com elas e dia a dia as coisas vão acontecendo.
Conversamos por quase meia hora. Eu tenho muita esperança que esse rapaz consiga finalmente seu documento final de residência aqui nos EUA para poder buscar seu sonho dentro da Odontologia. Enquanto isso, ele está aprendendo sobre outra área completamente diferente do que ele foi treinado, e parece que está bastante interessado. Uma área com bastante demanda junto a comunidade brasileira local que muitas vezes precisa tirar uma dúvida com alguém que fale a mesma língua.
Quando você se planejar para vir para os EUA em busca do exercício da Odontologia, venha de cabeça aberta. Existe um ditado que aprendi aqui quando comecei a trabalhar no Community Health Center onder trabalho: “When we get to work we need to check in our ego at the door”. Algo parecido como: Deixar o ego na porta quando chegar para o trabalho. Venha disposto(a) a aprender alguma coisa que você não sabia anteriormente. Busque o conhecimento em áreas diferentes da que você está acostumado(a). Fique próximo de gente que esteja disposto(a) a levar você pra frente e fuja de quem se mostrar sempre negativo e rancoroso(a). Gente assim funciona como um redemoinho no rio. Tira você do rumo, te faz dar várias voltas no mesmo lugar para te afundar no final.
Não desista!
Sucesso sempre!